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Cirurgia bariátrica para adolescente com obesidade?

O tratamento cirúrgico do jovem obeso apresenta bons resultados em inúmeros estudos publicados e com seguimentos a longo prazo

Por Ricardo Cohen
11 abr 2022, 15h47
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  • Os números não escondem. A pandemia do século, a diabesidade, também atinge os adolescentes. No último Vigitel, (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) referentes a 2019, as taxas de obesidade quase triplicaram desde 1975 e aumentaram quase cinco vezes entre crianças e adolescentes.

    O excesso de peso foi documentado em 19,4% dos adolescentes de 15 a 17 anos de idade, o que corresponde a um total estimado em 1,8 milhão de pessoas, sendo 22,9% de moças e 16% dos rapazes. E isso também foi constatado nos EUA, em dados de 2018, do CDC (Center for Disease Control), 21,2% dos adolescentes, com idade variando de 12 a 19 anos, eram portadores de obesidade.

    E mais sinais de alerta existem. Quando o choque de pandemias, uma passageira como a Covid 19 se encontra com a diabesidade, que está há décadas fora de controle, o cenário é sombrio. Num estudo norte-americano, em 43.000 internações hospitalares, a presença de obesidade e/ou diabetes foi o único fator isolado de predição de internação hospitalar em jovens acima de 12 anos.

    Um adolescente com obesidade leva a um adulto com 3 vezes mais chance de desenvolver diabetes, 5 vezes mais chance de apresentar doença coronariana, 3,5 vezes, mas probabilidade de doença renal terminal e 4,5 vezes mais chance de ter algum grau de limitação de deambulação. A obesidade associada a esses fatores leva a uma diminuição da expectativa de vida desse adolescente

    E mais, um estudo chamado TODAY demonstrou que o diabetes tipo 2 nessa faixa etária tem mais difícil tratamento quando comparado com os adultos

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    Há décadas, os cuidados com a obesidade infantil e na adolescência estão em segundo plano por causa de uma falsa dicotomia. Todos os esforços foram direcionados para a prevenção – um objetivo nobre e louvável.

    Mas, em face dos esforços sérios para prevenir a doença, a prevalência aumentou implacavelmente. Enquanto isso, as crianças e adolescentes afetados têm poucas opções de tratamento.  De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, as possibilidades farmacoterapêuticas mais recomendadas são sibutramina, orlistate e liraglutida. Porém estudos de eficácia a longo prazo ainda são necessários.

    Sabendo-se da maior prevalência de casos de obesidade e de suas consequências na adolescência, casos mais graves, com índices de massa corpórea (IMC) ajustados maiores e doenças associadas mais graves de serem controladas, a cirurgia bariátrica deve ser considerada.

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    O tratamento cirúrgico do adolescente com obesidade apresenta bons resultados em inúmeros estudos publicados e com seguimentos a longo prazo. Comparando com adultos com obesidade submetidos a cirurgia bariátrica, a perda de peso é semelhante, o controle do diabetes é melhor e as taxas de complicações cirúrgicas são menores. Hipertensão arterial, esteatose hepática e problemas com o colesterol e triglicérides também têm boa resolução ou controle após a cirurgia.

    Cuidado retardado é cuidado negado. A verdade disso é óbvia na medicina de emergência. No caso de um acidente vascular cerebral ou lesão traumática, atrasos desnecessários no atendimento levam a danos imediatos.

    Mas, com uma doença crônica e progressiva, o dano pode ser mais sutil. Acrescentar o viés sistêmico e o atraso no atendimento pode se tornar um problema e tanto para a saúde das pessoas afetadas. Muitas vezes, este é o caso de uma pessoa que vive com obesidade

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    Porém há sinais de mudança. Em 2019 a Academia Americana de Pediatria, descreve a cirurgia como uma opção segura e eficaz. Também recomenda não restringir arbitrariamente o acesso à cirurgia com base apenas na idade.

    Adolescentes que têm indicação de cirurgia bariátrica apresentam melhores resultados clínicos se se a fizerem mais precocemente.

    Além de simplesmente reduzir a quantidade e qualidade de vida das pessoas que vivem com obesidade grave, não há uma boa razão para o retardo  ao cuidado com o portador de  obesidade.

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    As evidências demonstram que precisamos agir muito mais cedo para garantir que as pessoas com obesidade grave não sejam significativamente incapacitadas no momento em que estiverem recebendo tratamento e as sequelas serem irreversíveis.

    Letra de Médico - Ricardo Cohen
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