Todo profissional, por mais experiência que tenha, anos e anos de pesquisas, estudos e prática em sua atividade, precisa de reciclagem, atualização, conhecer novas técnicas e formas de solucionar problemas. E, ainda mais nos dias de hoje, saber trabalhar em equipe, em regime de colaboração e absorver ideias divergentes.
Na medicina, e em toda a área da saúde, não é diferente. Temos que reaprender, rever conceitos, quebrar paradigmas diariamente, justamente para entender como solucionar problemas que afligem a população leiga, o paciente que precisa de atendimento profissional e humano.
A leitura de publicações científicas sérias é uma das formas de atualização constante e diária, um esforço necessário para que possamos tirar do papel inovações e técnicas e colocá-las em prática no curto, médio ou longo prazo para o atendimento a pacientes em hospitais, clínicas, unidades de saúde.
Outra forma de atualização é por meio de congressos, seminários, debates organizados pelas mais diferentes sociedades e entidades médicas em todo mundo. Estes eventos proporcionam conhecimentos e trocas de experiências entre os profissionais que, da mesma forma, devem ter como destino o atendimento à população.
Novidades para pacientes
Nesse sentido, aliás, em breve acontecerá, em Curitiba (PR), o 37º Congresso Brasileiro de Urologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Diversos assuntos relevantes serão debatidos no encontro, como ressonância magnética, biópsia da próstata, patologia, terapia focal, medicina personalizada, recidiva após tratamento primário do câncer de próstata, entre outros. Tudo muito técnico, não é? Daí o nosso desafio: aprender a “traduzir” os termos técnicos em uma linguagem compreensível para o público leigo.
O que está por vir?
Hoje, uma das principais discussões internacionais da urologia é o tratamento, ou não, de pacientes com câncer de próstata, sobretudo quando é identificado algum grau de avanço nos exames – toque retal, PSA (sangue) e biópsia.
Recentemente, em uma reunião com pesquisadores alemães da Universidade de Düsseldorf, ficou evidente que a maior preocupação dos urologistas tem sido com o tipo de conduta que devemos ter quando nos deparamos com resultados que nos dão alternativas diferentes de conduta médica para o tratamento desta doença.
Como se sabe, os principais mecanismos para averiguar o câncer de próstata (se maligno, benigno e seu estágio) são o exame de toque retal, o PSA (sangue) e a biópsia. Neste último caso, os dados são coletados do tecido prostático, no qual é possível verificar o estágio da doença a partir de uma avaliação chamada escore de Gleason. Quanto mais elevado o escore, numa escala de 6 a 10, maior é a probabilidade de que o prognóstico deste câncer de próstata seja mais agressivo.
A discussão de diversas entidades internacionais, pesquisadores e estudiosos no assunto é determinar que tipo de tratamento e conduta o médico deverá adotar dependendo do escore de Gleason apresentado. O que está em discussão, como resumem os colegas de Düsseldorf, é saber o que fazer quando nos deparamos com casos intermediários, que apresentam escores de Gleason nível 6 ou 7, geralmente classificados como câncer de próstata de risco baixo e intermediário.
Para alguns, casos intermediários devem ser tratados imediatamente com a melhor técnica e/ou procedimento disponível, observando as condições do paciente, como a idade e estilo de vida, por exemplo. Por outro lado, há quem opte por apenas acompanhar o eventual desenvolvimento da doença e, então, num segundo momento, indicar ou não algum tratamento.
Essa dicotomia, tratar ou apenas acompanhar o paciente dependendo do estágio da sua doença a partir de exames consolidados, é uma discussão central e que já está em curso entre diversos urologistas em todo o mundo. Certamente, o Brasil não pode ficar de fora do assunto, correndo o risco de perder o bonde da história da urologia. Pior: podemos nos afastar do essencial e deixar de olhar de forma mais humanizada para o paciente, ao não considerar sua trajetória e expectativas, sua idade, seu estilo de vida e até mesmo fatores psicológicos. Afinal, estamos lidando com vidas humanas.
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Eduardo Rauen, nutrólogo
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcelo Bendhack, urologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista