Jair Bolsonaro preside, o Centrão governa. Se sair como planejado, isso vai valer até 2027. Para alguns é solução, para outros muito ao contrário.
Se confirmada a filiação, o Partido Liberal entra na disputa presidencial com um candidato que pode ser tudo, menos liberal.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, ganha mais relevância no Centrão, agrupamento partidário que sustenta Bolsonaro no Congresso.
Aos 72 anos, Costa Neto vai ampliar sua biografia de hábil negociador de alianças eleitorais. Em 2002 esteve no centro das transações que definiram a chapa Lula-José Alencar.
O acordo foi selado com José Dirceu num quarto do apartamento brasiliense de Paulo Rocha, hoje senador pelo PT do Pará. Lula e Alencar ficaram na sala. Três anos depois, Costa Neto virou ícone do caso Mensalão. Preso, comandou o PL de dentro da cadeia, onde cumpria sete anos e dez meses de prisão — recebeu indulto um par de anos depois.
Com Bolsonaro, encontrou novo rumo. Consolidou sociedade no Centrão com o Progressistas, comandado pelo deputado alagoano Arthur Lira, presidente da Câmara, e o senador piauiense licenciado Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil.
O PL de Costa Neto tem 43 deputados, o PP de Lira e Nogueira 42. Formam o núcleo do Centrão, em parceria com o Republicanos, vinculado à igreja Universal, cuja bancada é de 30 deputados.
O simples anúncio da eventual candidatura presidencial de Bolsonaro pelo PL mostra a capacidade de sobrevivência de Costa Neto na política.
Na virada do semestre, ele estava aflito com a perspectiva de perda do feudo partidário no Banco do Nordeste, dono de boa parte do microcrédito regional. Temia o avanço do PP de Lira e Nogueira. Agora, tem a chance de ter o presidente da República com o boné do PL em busca da reeleição.
Ontem, ao dar a notícia aos assessores, se permitiu uma breve “aula” sobre o pragmatismo funcional que norteia os negócios nesse aglomerado partidário conhecido como Centrão. O áudio de Costa Neto foi divulgado pela CNN.
“[No Centrão] nós temos que nos entender para que todos sejam atendidos”— explicou. “Porque política é isso. Hoje o PP tem a presidência da Câmara, amanhã vamos querer ter essa presidência. Tem a reeleição do Arthur [Lira, do PP, em 2023], vamos apoiar. E, depois de nós, vai vir o PRB [Republicanos]. Todos têm que crescer. Tem que ter essa vantagem, não pode ficar para trás. Se nós temos um grupo, temos que estar unidos.”
O PL deve receber, também, dezena e meia de deputados federais aliados do presidente. Por ironia da história, assim como Bolsonaro, todos eles se elegeram com juras a uma “nova” política que, supostamente, revogaria a “velha” representada por partidos como Progressistas, Republicanos e o Liberal, entre outros.
Valdemar Costa Neto está sorrindo. Ele continua onde sempre esteve. Já Bolsonaro e os bolsonaristas…