A crise econômica é real, o país retornou ao mapa da fome e sete de cada dez famílias patinam no superendividamento. No entanto, os salários do presidente da República e de seus ministros vão aumentar (em 50%), assim como os de deputados e senadores (37%) e os de juízes do Supremo Tribunal Federal (18%).
O projeto aprovado na Câmara, na terça-feira (20), prevê um fracionamento: para a cúpula do governo e do Congresso o reajuste será dividido até 2025; no Judiciário até 2024. No fim das contas, presidente da República vai ter salário de R$ 46,4 mil — ou seja, R$ 15,5 acima do patamar atual (R$ 30,9 mil).
Na prática, significa abertura da porteira para aumentos salariais em toda elite do funcionalismo público. E torna-se inevitável o efeito em cascata para servidores, com e sem mandato, no topo das administrações estaduais e municipais.
Uma das consequências tende a ser a ampliação da distância, que já é grande, entre os ganhos médios dos servidores públicos e os dos trabalhadores do setor privado. Confirma-se, mais uma vez, a relevância do orçamento público como instrumento de concentração de renda na sociedade.