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Lula perde vantagem e já é superado pelo conjunto de adversários

Para Ipespe, os 15% de eleitores que seguiriam a indicação de Moro a um candidato de centro-direita representam "promessa de um caminhão potencial de votos"

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2022, 15h24 - Publicado em 7 abr 2022, 08h00
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  • Jair Bolsonaro está conseguindo reduzir a distância que o separa de Lula nas pesquisas eleitorais.

    Lula decolou nas intenções de voto no primeiro semestre do ano passado. Alcançou o patamar de 40% em agosto e chegou a 44% em dezembro.

    Lula bateu no teto, indica a maioria das pesquisas. Há mais de sete meses se mantém estacionado na faixa entre 42% e 44% da preferência eleitoral.

    Seu adversário começou a se mover na segunda quinzena de janeiro. Chegou a abril com 30%.

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    (./VEJA)

    É a primeira vez que Bolsonaro alcança essa pontuação nos últimos 15 meses, informa o instituto Ipespe em pesquisa divulgada ontem. Ela foi realizada entre sexta-feira (2) e terça-feira (5) passadas, com base em mil entrevistas telefônicas. A margem de erro é de 3,2 pontos.

    Em dezembro, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro era de 20 pontos percentuais. Caiu para 14 pontos na primeira semana de abril.

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    Como fotografias, sondagens eleitorais permitem uma miríade de interpretações.

    Antonio Lavareda, dono do instituto, atribuiu o vento a favor de Bolsonaro à saída de Sergio Moro do páreo. O ex-juiz da Lava Jato insiste na versão de recuo tático — “no momento”. O sociólogo do Ipespe julga ter sido “o maior presente, até o momento” dado ao candidato à reeleição na presidência.

    “Há muito não se via nas intenções de voto do primeiro turno um movimento tão vigoroso em intervalo tão curto”, comentou. “O presidente cresceu dois pontos na [pesquisa] espontânea, chegando a 27%; e nada menos que quatro pontos na estimulada, atingindo, pela primeira vez desde 2019, os 30%.”

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    O avanço de Bolsonaro, aparentemente, ocorre de forma proporcional (aumento de 4 pontos) entre homens e mulheres, com idade entre 16 e 54 anos e instruídos até o nível médio. Naturalmente, são ativos no mercado de trabalho, embora a grande maioria sobreviva nas atividades produtivas informais.

    É notável que a principal fonte desse impulso esteja num extremo da pirâmide social brasileira. Desde janeiro, Bolsonaro avançou nove pontos (de 17% para 26%) entre eleitores pobres, cuja renda mensal familiar vai até dois salários mínimos (R$ 2,4 mil). Nessa fatia do eleitorado, o adversário petista possui uma de cada duas intenções de voto.

    Outro aspecto relevante: Lula já perde numericamente (um ponto) para a soma (45%) dos cinco adversários mais destacados na pesquisa.

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    A ilusão de vitória do candidato do PT no primeiro turno embalou grande parte da militância lulista entre novembro e fevereiro. Era miragem, já desfeita nos resultados atribuídos a Bolsonaro (30%) Ciro Gomes (9%), João Doria (3%), Simone Tebet (2%) e André Janones (1%).

    Todas as pesquisas dão margem à discussão sobre a existência ou não de “espaço” para viabilidade eleitoral de um candidato articulista e antibolsonarista. Essa também, e com algumas sinalizações interessantes.

    Por exemplo, apenas um de cada dois eleitores declarou ao Ipespe ter “muito interesse” na eleição de outubro. Ampla maioria (mais de 60%) se mostra mais preocupada com um cotidiano crítico e os efeitos do empobrecimento pessoal e familiar, o que impõe a todos os candidatos a exigência de propostas econômicas sólidas para o país a partir de 2023.

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    A crítica majoritária (63%) à condução da economia é, praticamente, do mesmo tamanho da rejeição a Bolsonaro — 61% dizem que não votariam nele “de jeito nenhum”. Em seguida se destacam Doria (57%), Lula e Ciro Gomes empatados (43%).

    Esse ambiente, também marcado no momento por um relativo desinteresse na disputa, pode estimular os entusiasmados por candidaturas alternativas, com potencial de romper a polaridade Lula-Bolsonaro.

    Na pesquisa divulgada ontem é possível entrever uma oportunidade de impulso a um candidato alternativo de centro-direita que seja apoiado pelo ex-juiz Sergio Moro.

    Para 15% dos eleitores o respaldo de Moro “aumenta” a chance de votar nesse candidato. Para 27% “diminui”. Outros 49% dizem que “Não altera” e 9% não sabe ou não quis responder.

    Os 15% que seguiriam a indicação de Moro guardam “a promessa de um caminhão potencial de votos” para um candidato alternativo, calcula Lavareda. Para ser reconhecido nesse segmento de eleitores é necessário atravessar a campanha carregando a bandeira da Lava-Jato.

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