Em torno do orçamento de R$ 150 bilhões anuais do Ministério da Saúde gravitam diferentes grupos de fraudadores, aparentemente com respaldo político.
No desenho traçado em farta documentação, que inclui mais de 310 mil mensagens decifradas, a CPI da Pandemia descobriu uma “arquitetura ideal”, receita para trapacear licitações públicas, à semelhança do que foi desvendado na Petrobras durante a Operação Lava Jato.
Os negócios na Saúde, apurou a CPI, passavam pela Diretoria de Logística. Três ex-diretores, já afastados, estão sob investigação criminal. Por coincidência, todos têm vínculos com chefes do Partido Progressistas (PP).
Ontem, a polícia procurou documentos num apartamento em Ipanema, no Rio. No alvo estava Davidson Tolentino, ex-diretor de Logística do Ministério e há pouco tempo abrigado na Codevasf.
A Codevasf é uma empresa estatal que está no centro de outra confusão — a do bilionário orçamento paralelo, criado num acordo entre Jair Bolsonaro e o Centrão. Essa conta orçamentária, superior a R$ 17,5 bilhões, não tem transparência e está sob auditoria do Tribunal de Contas da União.
Toletino é reconhecido pelos laços com líderes do PP: Arthur Lira, presidente da Câmara, e o ministro Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil da Presidência.
Outro cacique do PP, o deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, já é investigado pela CPI da Pandemia.
Tudo não passa de coincidência, certamente.