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O jardineiro casual

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Ideias práticas e reflexões culturais sobre jardinagem, paisagismo e botânica
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Saravá, espada-de-São-Jorge: a planta que é pau para toda obra

Saiba como extrair o máximo do efeito escultural e da rusticidade desse coringa botânico que nunca sai de moda - e ajuda até a diminuir a poluição em casa

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jan 2018, 17h14 - Publicado em 11 jan 2018, 17h11
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  • ASSIM COMO acontece com roupas de grife e menus de restaurantes finos, há plantas que entram e saem da moda ao sabor das estações – ou, notadamente, do faro comercial das empresas de paisagismo. O uso exaustivo do capim-do-Texas ou do filodendro Xanadu nos jardins e canteiros de avenidas de São Paulo é sintoma desse mal crônico. Outras plantas nunca saem de moda, e seu potencial de valorizar qualquer ambiente permanece inabalável por décadas, quiçá séculos a fio. É o caso da espada-de-São-Jorge.

    Essa planta originária da África do Sul tornou-se, você sabe, um ícone do nosso sincretismo sem fim. Na umbanda e no candomblé, ela simboliza a espada (ou lança) do orixá conhecido como Ogum. No nosso catolicismo mesclado de influências afro, Ogum se confunde com São Jorge, o santo da Capadócia que, segundo reza a versão hagiográfica, sacava de sua espada para matar um dragão. Herança dessa dupla referência religiosa é a fama mística da planta: cultivada num vaso perto da porta ou dentro de casa, a espada-de-São-Jorge teria o poder de espantar quebranto e mau-olhado.

    Mesmo que você despreze essas crendices, contudo, um fato é irrefutável: poucas plantas ostentam sua dupla qualidade – ser rústica ao extremo e proporcionar um efeito dramático estupendo, graças às folhas alongadas de disposição perfeitamente vertical.

    Vamos primeiro à rusticidade. A espada vem de ambientes secos, o que significa que não está nem aí para uma terrinha ruim, e não reclama se você simplesmente se esquecer de regá-la com frequência. Na verdade, talvez a única coisa que ela deteste seja o excesso de água – o que significa que você deve tomar cuidado para não deixar o vaso ou canteiro encharcado. A espada também resiste a uma enorme variação de luminosidade: ainda que prefira o sol e a meia-sombra, ela vai bem até em lugares sombreados, como o interior de apartamentos. Um detalhe a torna ainda mais desejável: a espada, comprovadamente, funciona como um filtro anti-poluição. Eu, por exemplo, tenho há anos um grande exemplar dela dentro de meu quarto de dormir.

    A espada, na verdade, não é uma arma solitária, mas todo um arsenal. Há diversas espécies e cultivares de Sansevierias – seu gênero científico. Isso aumenta muito as possibilidades de uso dessas maravilhas botânicas, mas também coloca o desafio de saber escolher com precisão o tipo de Sansevieria mais adequado para o efeito que você busca. Confira algumas dicas:

    Sansevieria
    Sansevieria trisfaciata: é a variedade mais comum de espada-de-São-Jorge. Funciona bem em vasos ou para fazer bordaduras de muros e caminhos, de preferência em canteiros limitados para a planta não se expandir para onde não deve (Istock/Getty Images)
    Sansevieria
    Outro exemplo de uso da espada-de-São Jorge comum (Sansevieria trifasciata): dessa vez, em canteiro suspenso. Note o efeito dramático do contraste entre as linhas horizontais do revestimento do canteiro e a folhagem vertical (iStock/Getty Images)

     

    Sansevieria
    Sansevieria cylindrica, ou lança-de-São Jorge: as folhas pontiagudas produzem um efeito inigualável. A planta, porém, requer mais exposição à luz direta do sol do que a espada comum. Vai melhor, portanto, em áreas abertas e varandas (Istock/Getty Images)

     

    Sansevieria
    Quando colocada em vasos vistosos de cerâmica, concreto ou metal, a lança-de-São-Jorge confere um ar moderno e arrojado a interiores. Mas atenção: para a planta se desenvolver bem, o vaso deve ficar sempre próximo de uma janela ensolarada (Istock/Getty Images)

     

    Sansevieria hahnii
    Sansevieria trifasciata var. “hahnii”: a chamada espada anã é ótima para pequenos vasos e como forração em canteiros sombreados. Esta é, aliás, a variedade da planta que mais se adapta à sombra total (Istock/Getty Images)

     

    Sansevieria trifasciata “Moonshine”
    Sansevieria trifasciata var. “Moonshine”: para quem deseja fugir do comum, indico vivamente essa variedade de folhas mais largas e esbranquiçadas, que prefere ambientes de meia-sombra (Reprodução/Wikimedia Commons)
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