ASSIM COMO acontece com roupas de grife e menus de restaurantes finos, há plantas que entram e saem da moda ao sabor das estações – ou, notadamente, do faro comercial das empresas de paisagismo. O uso exaustivo do capim-do-Texas ou do filodendro Xanadu nos jardins e canteiros de avenidas de São Paulo é sintoma desse mal crônico. Outras plantas nunca saem de moda, e seu potencial de valorizar qualquer ambiente permanece inabalável por décadas, quiçá séculos a fio. É o caso da espada-de-São-Jorge.
Essa planta originária da África do Sul tornou-se, você sabe, um ícone do nosso sincretismo sem fim. Na umbanda e no candomblé, ela simboliza a espada (ou lança) do orixá conhecido como Ogum. No nosso catolicismo mesclado de influências afro, Ogum se confunde com São Jorge, o santo da Capadócia que, segundo reza a versão hagiográfica, sacava de sua espada para matar um dragão. Herança dessa dupla referência religiosa é a fama mística da planta: cultivada num vaso perto da porta ou dentro de casa, a espada-de-São-Jorge teria o poder de espantar quebranto e mau-olhado.
Mesmo que você despreze essas crendices, contudo, um fato é irrefutável: poucas plantas ostentam sua dupla qualidade – ser rústica ao extremo e proporcionar um efeito dramático estupendo, graças às folhas alongadas de disposição perfeitamente vertical.
Vamos primeiro à rusticidade. A espada vem de ambientes secos, o que significa que não está nem aí para uma terrinha ruim, e não reclama se você simplesmente se esquecer de regá-la com frequência. Na verdade, talvez a única coisa que ela deteste seja o excesso de água – o que significa que você deve tomar cuidado para não deixar o vaso ou canteiro encharcado. A espada também resiste a uma enorme variação de luminosidade: ainda que prefira o sol e a meia-sombra, ela vai bem até em lugares sombreados, como o interior de apartamentos. Um detalhe a torna ainda mais desejável: a espada, comprovadamente, funciona como um filtro anti-poluição. Eu, por exemplo, tenho há anos um grande exemplar dela dentro de meu quarto de dormir.
A espada, na verdade, não é uma arma solitária, mas todo um arsenal. Há diversas espécies e cultivares de Sansevierias – seu gênero científico. Isso aumenta muito as possibilidades de uso dessas maravilhas botânicas, mas também coloca o desafio de saber escolher com precisão o tipo de Sansevieria mais adequado para o efeito que você busca. Confira algumas dicas: