Quem nunca cantou junto com o disco (e bem alto) a rocambolesca e deliciosa Bohemian Rhapsody não sabe o que está perdendo: é uma experiência arrebatadora – como o era o próprio Queen, uma das bandas de auge mais duradouro e consistente da história do rock e também uma das mais cativantes (embora em geral esnobada pela crítica), em boa parte graças ao carisma gigantesco e fulminante – e à voz belíssima e poderosa – de seu vocalista, Freddie Mercury. Dirigido por Bryan Singer e, a três semanas do final, por Dexter Fletcher (Singer foi demitido por péssimo comportamento), que está filmando Rocketman, a biografia de Elton John, Bohemian Rhapsody, o filme, é às vezes piegas, outras vezes esquemático, e volta e meia adapta os fatos e as datas ao seu gosto. Mas acerta tanto, tanto mesmo, na celebração à usina de força que Mercury e Brian May (guitarra), Roger Taylor (bateria) e John Deacon (baixo) eram no palco, no tributo à sua irreverência e à sua amizade, que só por isso o filme já ficaria perdoado de qualquer pecadilho. Não bastasse, Rami Malek, de Mr. Robot, está um colosso como Mercury – e a sequência final, que reproduz com perfeição e também tremenda inspiração o show do Queen no Live Aid, em 1985, é de deixar a plateia do cinema de joelhos, da mesma forma que deixou a audiência do estádio de Wembley naquele 13 de julho. Em uma (ou três) palavras, é eletrizante, comovente e irresistível. Como Freddie.