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Por que fazendeiros estão criando patos ao invés de galinhas?

Medida se tornou um caso de sucesso em Bangladesh, país asiático próximo da Índia

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 out 2018, 18h10
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  • Nesta semana, a criação da Comissão Global para Adaptação, com membros como Ban Ki-Moon, ex-secretário-­geral da ONU, o bilionário Bill Gates e Kristalina Georgieva, do Banco Mundial, ganhou repercussão na imprensa do mundo inteiro. Como o nome sugere, a Comissão investirá esforços em propor soluções para o dano já causado, mitigar o problema existente, contornar o efeito inevitável.

    Não se trata mais de tentar impedir que as mudanças climáticas sejam percebidas no dia a dia. Elas já estão entre nós.

    Em coletiva de imprensa por telefone com alguns dos líderes da iniciativa, da qual eu participei, uma das perguntas foi sobre medidas práticas existentes e que de fato funcionam hoje, em 2018, como soluções para a tal adaptação.

    “Uma das minhas ideias preferidas é a que estimulou a criação de patos ao invés de galinhas em Bangladesh. A mudança foi uma escolha por causa das inundações. Quando a água chega, as galinhas morrem. Patos, por sua vez, nadam”, respondeu Kristalina Georgieva, do Banco Mundial.

    O exemplo ilustra do que se trata a adaptação. A produção de alimentos continuará, mas terá que ser diferente. Eventos climáticos diversos vão acontecer (é um fato!) e a população será obrigada a se moldar diante deles. O cerne da questão é que não basta uma iniciativa isolada. Parte do trabalho da Comissão será dar escala aos pequenos casos de sucesso até que eles se tornem a regra, e não mais a exceção.

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    “O problema é que não há um país sequer, nem mesmo o mais sustentável, que tenha abraçado a adaptação em todos os setores da sociedade. Temos que ter um modo de pensar pautado pelo gerenciamento de riscos. A adaptação tem que ser como andar e respirar ao mesmo tempo”, completou.

    Essa transformação se espalhará entre os sistemas de produção agrícola, animal e também em infraestrutura. Os investimentos vão ter que levar em conta o impacto ambiental de obras e indústrias, as emissões de gases de efeito estufa, a pegada de carbono e a matriz energética. Para os líderes da Comissão, a conclusão é unânime: a adaptação não é apenas o melhor ou o correto a ser feito, ela é inevitável.

    Na mesma coletiva, o presidente e CEO do WRI-World Resources Institute, Andrew Steer, foi categórico: “claramente, o mundo deixou a bola cair no que se refere à adaptação”. A crítica, normalmente vinculada à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sair do Acordo de Paris, principal tratado internacional para lidar com o aquecimento global, poderá ser usada contra o Brasil também.

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    A poucos dias do segundo turno, o líder nas pesquisas de intenção de voto para a presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que pretende seguir os passos de Trump e deixar o acordo climático. Além disso, um dos nomes cotados para integrar sua equipe ministerial, Luiz Antônio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista, declarou nesta semana, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que vê espaço para aumentar o desmatamento legal na Amazônia.

    As principais autoridades do mundo já afirmaram e repetiram qual é o caminho para o desenvolvimento sustentável e saudável para as nações. Cabe aos governos adotarem as recomendações como políticas públicas para garantir a segurança (alimentar, hídrica, de moradia, etc.) da população.

     

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