Aldo Rebelo quer ser candidato à Presidência da República. Filiou-se ao Solidariedade (SD nas urnas), uma daquelas tantas siglas criadas a toque de caixa nessa janela eleitoral sem fim no país, depois de deixar o PSB. O motivo: Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, roubou-lhe a vez na fila do pão na semana passada e já figura como o nome da legenda nas pesquisas de intenções de voto.
Aldo Rebelo é um quadro emblemático desses dias estranhos: líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, líder do governo Lula no Parlamento, ministro de Lula e de Dilma Rousseff, foi presidente da Câmara nos anos difíceis do mensalão e sempre serviu como soldado fiel à turma. Sempre foi tratado pelo PT como aquele primo que tem boa interlocução com os ruralistas e também com as Forças Armadas — afinal, foi ministro da Defesa apesar de o seu partido carregar a bandeira da luta da Guerrilha do Araguaia!. Fez amizade duradoura com o DEM, do deputado Rodrigo Maia, hoje o presidente da Câmara.
Recentemente, depois de deixar o PCdoB para passar o verão filiado aos socialistas, Aldo Rebelo parece ter encontrado luz numa nova senda: o Solidariedade — agremiação que nasceu do fisiologismo da máquina pública com uma perna naquele esquisito sindicalismo abraçado ao tal “centrão” da Câmara — do qual, o ex-líder da Força Sindical, deputado Paulinho da Força (SD-SP), adquiriu enorme capilaridade após perder o controle do PDT.
Aldo sabe mexer as peças na tábua. A jogada tem norte no quadrado eleitoral: o neocomunista-capitalista sonha em ser postulante ao Senado, seja na garupa de Eduardo Suplicy (PT) ou até — quem sabe — numa vice em alguma chapa competitiva em 2018.
Como plataforma, para além de ser um soldado de qualquer exército com chances de poder, Aldo será lembrado pelo projeto que tentou bravamente aprovar em Brasília: para ele, dia 31 de Outubro, o tradicional Halloween, deveria ser o Dia do Saci-Pererê no país. Aldo Rebelo tem muitas pernas na política.