* Atualizado em dezembro apenas para trocar “grampo” por gravação (legal, claro, por meio de escuta telefônica autorizada).
Lula pauta Mino Carta, editor da revista Carta Capital.
É o que confirma este trecho, referente ao 13 de março, da conversa gravada entre o ex-presidente e o então ministro Jaques Wagner:
Lula: Como foi a manifestação na Bahia?
Wagner: Ah, teve 10, 15 mil. O [deputado federal do DEM, José Carlos] Aleluia foi falar, tomou uma vaia da porra, e ninguém mais quis falar. Na verdade generalizou porque é uma manifestação contra a política.
Lula: Acho que essa é a pedra. Acabei de [inaudível] com o Mino Carta aqui, para ele escrever um artigo mostrando que teve duas coisas: primeiro a vontade das pessoas que o combate a corrupção continue, e o Moro representa isso fortemente. Segundo, que a negação política é total. E o resultado disso, você sabe o que é?
Wagner: Lógico, o caminho pro autoritarismo.
Lula: E aqui em SP ninguém conseguiu falar dos dirigentes, Marta, Aécio. A Marta teve que se trancar na Fiesp. Foi chamada de puta, vagabunda, vira-casaca.
Wagner: É bom pra nega aprender. Bom, eu aviso a ela aqui e a gente conversa amanhã.
Nota-se: Lula cantou a “pedra” para Mino Carta.
A “pedra”, no caso, são as diretrizes do discurso de propaganda petista em reação à maior manifestação da história do país.
Lula orientou Mino a diluir os protestos pela saída de Dilma Rousseff e pela prisão dele em desejo de combate genérico à corrupção e em repúdio a toda a classe política, o que resultaria em autoritarismo. É a fórmula usada com frequência pelo PT para sair do foco.
Em artigo no dia 14, Mino se empenhou em tentar desconstruir Sergio Moro, acusando-o de “montar um show carnavalesco que envergonha o País aos olhos do mundo e exibe, ao cabo, a ausência de uma Suprema Corte pronta a impor o império da lei”.
Como Lula aparece em gravação reclamando da “Suprema Corte totalmente acorvadada”, nota-se a similaridade dos discursos.
Mino também reclama de Moro por não mandar aviso prévio a Lula sobre prestação de depoimento (ele queria um save the date…).
O editor ainda rotula o juiz como “uma personalidade pueril antes ainda que provinciana”, “um impecável rebento destes anos de redemocratização (?) fajuta, de decadência cultural, de arrogância inaudita, de insensatez avassaladora”.
Mas o destaque vai para a frase: “o complô é midiático-policial, e Moro aí está para atiçar o fogo”.
Moro, na verdade, está aí atiçando e demonstrando o “complô” de Lula com a imprensa de estimação federal a seu serviço.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://preprod.veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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