Em sessão cômica, maioria do STF rejeita ação comunista contra ordem de votação do impeachment
"Se presidente precisa do Judiciário para se manter, não tem mais condições", diz Gilmar
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitou nesta quinta-feira a ação do PCdoB contra a ordem de chamada dos deputados para a votação do impeachment na Câmara, prevista para domingo (17).
Com isso, a ordem definida pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha, será mantida, conforme documento reproduzido no fim deste post.
Votaram pelo indeferimento: Teori Zavascki, Luiz Fux, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Celso de Mello.
Votaram pelo acolhimento parcial: Luís Roberto “Minha Posição” Barroso e Luiz Edson Fachin.
Votaram pelo acolhimento: o ministro 247 Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski, como não poderia deixar de ser.
Ausentou-se: Dias Toffoli.
Comentei em tempo real a cômica sessão.
Eis as tuitadas:
– Um deputado de oposição me diz que placar atualizado do impeachment está em 361 votos a favor, 128 contra e 24 indecisos. Governo em pânico.
– Oposição divulga número de votos um pouco abaixo do que tem de fato para garantir escalada do número no noticiário até votação de domingo.
– Se você é um estudante insatisfeito com sua posição na chamada da escola, faça como o PCdoB: entre com recurso no STF.
– Em Brasília já se diz que Lewandowski votará pela anulação do relatório do impeachment. Mas de Lewandowski todo mundo espera sempre o pior.
– Após discutir ordem de chamada, STF deverá discutir se carteiras devem ficar alinhadas em fileiras ou em círculo na sala de aula. Não perca.
– Gilmar Mendes ensina a Marco Aurélio que partido vem de parte e não é para ser imparcial. Processo, com base legal, é político na Câmara.
– Gilmar ironiza Marco Aurélio dizendo que sempre aprende com ele. Ministro 247, incapaz de ironia fina, repete a de Gilmar contra Gilmar.
– José Eduardo Cardozo apareceu na plateia do STF roendo as unhas. É o desespero.
– Ministro 247 Marco Aurélio Mello defere pedido do PC do B, afastando votação de Sul a Norte no impeachment. Surpresa zero.
– Ninguém entendeu voto de Fachin. Dificuldade dos ministros em falar um português sem maneirismos complica a própria comunicação entre eles.
– Lewandowski defende Marco Aurélio e confronta Fachin e Mendes. Lewandowski sempre lewando.
– Barroso, que atropelou a Câmara na decisão sobre rito do impeachment, diz que Supremo deve ser o menos intrusivo possível. Que piada.
– Barroso: “Eu sustentei que nós deveríamos seguir tudo na mais estrita semelhança do caso Collor.” E não seguiu! Rito previa chapa avulsa.
– Gilmar Mendes alfinetou ministros que tentam favorecer Dilma: “Se há falta de votos, não há intervenção do Judiciário que salve.”
– Lewandowski intervém de novo para favorecer Dilma, quando Barroso já tomava decisão de Cunha como aceitável, mesmo não sendo sua preferida.
– Imagine Lewandowski comandando o julgamento do impeachment do Senado: o senador vai votar contra Dilma, na cara do gol, e ele apita: perigo!
– Barroso votou por manter ordem Sul-Norte de Cunha, mas pregando seguir latitude dos estados, não por região. Seja lá o que se entenda disso.
– Barroso diz que interpretação descartada por Cunha é inconstitucional por ofensa a direito de minoria, mas PCdoB não alegou isso, diz Teori.
– Teori: “Nós não estamos decidindo aqui qual é a melhor interpretação do regimento.” Ufa. Alguém disse o óbvio.
– Teori mostrou que ação do PCdoB não faz o menor sentido, mas Barroso acha que faz por um motivo que a ação não apontou. É cômico.
– Só falta Barroso dizer que é seu papel reescrever a ação do PCdoB.
– Lewandowski quer dizer qual é a melhor interpretação do regimento da Câmara. Ele quer fazer o papel do presidente da Câmara. Que vergonha.
– Cabe ao STF, se tanto, verificar se interpretação do presidente da Câmara está dentro da margem constitucional. Não decidir qual deve ser.
– Nunca antes na história deste país houve tanta confusão sobre lista de chamada. Qualquer conselho de classe de maternal já a teria definido.
– Luiz Fux diz que decisão é eminentemente política e não ultraja de modo algum a Constituição.
– Luiz Fux: “Nós não vamos agora no exercício da nossa função ditar regras de como deve se comportar o Parlamento.” Aleluia, ministro!
– Fux: “Como houve esse intervalo, evidentemente que colegas lavraram textos para leitura, mas é sempre bom ouvirmos todas as opiniões.”
– Fux: “Seria extremamente extravagante que o Poder Judiciário ditasse regras” para o Poder Legislativo. O STF é extravagante, Fux.
– Rosa Weber e Cármen Lúcia também indeferem pedido PCdoB. Já são 4 votos contra os comunistas.
– Gilmar Mendes é o quinto a indeferir liminar do PCdoB. Diz que procedimento é ‘interna corporis’ da Câmara.
– Gilmar aponta “dificuldade de indicar dispositivos que estão sendo violados” como aconteceu na decisão sobre rito do impechment. Exato.
– Celso de Mello ainda não votou. Se tiver coerência, manterá sua própria tese sobre não intervir na Câmara e completará maioria contra PCdoB.
– Gilmar: “Se presidente precisa de decisão judicial para se manter no cargo, não tem mais condições de ser presidente.” Exato, ministro.
– Gilmar Mendes enumera princípios apontados pelo PCdoB e diz: “Nenhum desses princípios resulta minimamente afetado”.
– Lewandowski diz que transmissão da TV Justiça será interrompida por horário eleitoral e pede recesso de 10 minutos, mas ministros rejeitam.
– Celso de Mello, como Gilmar, não queria nem conhecer da ação do PCdoB. Agora vota por indeferi-la, como antecipei. É o sexto a fazê-lo.
– Celso de Mello: “Não vislumbro uma situação de ofensa àqueles vários postulados ali referidos” na ação do PCdoB. Em resumo: era só mimimi.
– Celso de Mello: “Não vejo como ordem de votação possa ferir aqueles princípios” pois parlamentares “terão preservado o seu direito de voto”.
– Ministro 247 Marco Aurélio veste carapuça do discurso de Celso de Mello sobre natureza política do processo e faz mimimi em vez de aprender.
– Celso de Mello: Processo é político e não há como se exigir neutralidade. Acrescento: STF é que faz política quando nega legitimidade dela.
– Derrotado, Lewandowski tenta justificar conhecimento da ação: “não se trata de afrontar separação dos poderes”. É disso, sim, que se trata.
– Risinho de Marco Aurélio para Lewandowski ao falar do “âmago da questão” é sinal de que virão com tudo contra relatório do impeachment.
– Cardozo pediu a inclusão das cenourinhas na denúncia contra Dilma, mas Marco Aurélio prefere incluir apenas os morangos.
– Teori foi perfeito no voto que guiou maioria do STF (6×4) à rejeição da ação do PCdoB. Aproveito assim raríssima oportunidade de elogiá-lo.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://preprod.veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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