É provável que o Petrolão tenha contribuído para a queda de 3 pontos de Dilma na pesquisa do Ibope, cujos resultados foram divulgados nesta terça-feira. Mas por que foi Aécio que subiu e não Marina? Ora, porque, para além de atacar Dilma, sua campanha começou a fazer o que eu falei que ela deveria fazer há anos: atacar Marina como a petista de raiz que ela é, distinguindo-se das duas candidatas ao mesmo tempo. A situação do candidato do PSDB continua complicada, mas a recuperação o põe de volta na disputa e, quanto mais votos tiver, maior o seu poder de barganha no segundo turno, mesmo ficando de fora. A estratégia do PT de partir para a baixaria, mostrando o povo brasileiro sem comida à mesa em eventual governo Marina, não rendeu frutos.
Marina ainda venceria Dilma e Aécio no segundo turno; mas no confronto entre Dilma e Aécio, Dilma caiu de 48% para 44%, e ele subiu de 33% para 37%. A se confirmar a tendência, o PT se desespera de vez. Os números ainda podem fazer com que os eleitores de Aécio que migraram para Marina por acreditar que ela tem mais chances de derrotar o PT repensem se é realmente necessário fazer voto útil já no primeiro turno.
O crescimento de Aécio é melhor para o debate, porque mantém no ar as críticas que Marina precisa sofrer. Como tuitei outro dia:
Aécio também melhorou seu desempenho no debate promovido pela CNBB e pela TV Aparecida em relação aos da Band e do SBT, com direito até a uma tirada contra Luciana Genro que valeu a noite. Seguem alguns dos meus comentários feitos em tempo real no Facebook e no Twitter:
1) Bispo pergunta: qual é a proposta de segurança pública? Marina responde: “Combater violência é fundamental.” Sem proposta.
2) Maior problema do Brasil é criminalidade: 60 mil assassinatos por ano sob governo do PT. E Marina não propõe como resolver.
3) “As pessoas esperam muito nas filas [dos hospitais]”, diz Dilma Rousseff. E por que o governo dela não resolveu isso antes?
4) “Estado mobilizador” de Marina é o velho “Estado Babá” dos socialistas; assim como sua “nova política” é a velha “ética na política” do PT.
5) Quando Luciana Genro fala em “batalha campal”, eu presto atenção. A organizadora das “manifestações espontâneas” de 2013 entende do negócio.
6) Aécio detona Dilma sobre Petrolão no debate da CNBB: “Os brasileiros estão envergonhados. Um diretor nomeado pelo PT disse que financiava com recursos das obras de sua alçada a base governista. Não é possível que o Brasil continue a ser administrado com tanto descompromisso com a ética, com a decência e com os valores cristãos. A vida pública não é para ser exercida dessa forma.”
7) Chamar Luciana Genro de “Linha auxiliar do PT” foi a melhor tirada de Aécio em toda a sua campanha. E foi tão verdadeiro que doeu no fundo dela. Contra a verdade, reagiu com as equiparações mentirosas de sempre, demonstrando o que ele disse. Grande momento.
OBS: Aécio poderia apenas ter aproveitado melhor o pedido de resposta que ganhou contra Luciana Genro para desfazer os embustes dela. Mas foi tão bom deixá-la histérica que isso não chegou a comprometer de todo.
8) “Essas eleições não precisam do embate entre os candidatos”, diz Marina Silva, aquela que entrou na campanha atacando Dilma e Aécio. Cínica!
9) Dilma: “Ao longo da minha vida eu tive sempre tolerância zero com a corrupção.” Ah, tá bom! Mensalão, Petrolão… É pra rir, presidente?
10) Considerações finais de Dilma no #DebateAparecida são como propaganda do PT na TV: falam de um país lindo e maravilhoso que ninguém conhece.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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