I.
Em entrevista à VEJA desta semana, João Pereira Coutinho diz que nenhum partido político se opõe a aumentar o tamanho do Estado e que a aversão aos corruptos é, nesse contexto, um grande contrassenso. É o que eu também sintetizava nesses tuítes de julho e agosto deste ano. A corrupção poderá até diminuir no Brasil, mas, vença quem vencer as eleições, uma coisa é certa: ela continuará.
[Na Veja.com: Guinada à esquerda de Dilma assusta investidores. Nada é tão ruim que não possa piorar, não é mesmo?]
II.
No debate presidencial de domingo na TV Record, o candidato Eduardo Jorge (PV) se referiu indiretamente ao PSDB como “conservador”. É o Brasil explicado.
Como escreveu Olavo de Carvalho 12 anos atrás, em 2002:
“Com o tucanato como única alternativa a essa gente [do PT e dos demais filiados ao Foro de São Paulo, como o PSB de Marina Silva], o quadro eleitoral brasileiro ficou, portanto, dividido entre socialistas democráticos e comunistas revolucionários, sendo estes últimos apresentados como socialistas democráticos e aqueles como conservadores.
Nenhuma distribuição de papéis poderia ser mais fictícia, com o agravante de que nada disso foi esclarecido ao público eleitor, constantemente bombardeado por uma campanha de desinformação calculada para fazê-lo crer que estava numa democracia moderna normal, votando numa eleição normal como um francês a escolher entre Chirac e Jospin ou um americano entre Bush e Gore.”
III.
Durante o debate da Record, também comentei em tempo real no Facebook:
* Sobre isto, ver o documentário “A história soviética” (The soviet story), de Edvins Snore, cujo site oficial está aqui.
Sobre isto, ver a obra-prima obrigatória Os intelectuais e a sociedade, de Thomas Sowell. Na página 68, por exemplo, conforme eu já havia mostrado aqui, Sowell disseca um dos problemas resultantes da aulinha de Luciana Genro:
“Talvez o terreno mais fértil para geração de equívocos sobre a questão da renda seja dado pela prática, amplamente adotada, de confundir categorias estatísticas com seres humanos de carne e osso. Tanto na mídia quanto no mundo acadêmico, são muitas as afirmações que alegam que os ricos não estão, apenas, aumentando sua renda, mas, sobretudo, apropriando-se de uma fatia maior da renda total, aprofundando a defasagem entre o topo e a base da escala. Quase sempre tais alegações são baseadas numa confusão sobre o que esteve acontecendo, ao longo do tempo, nas categorias estatísticas e o que esteve acontecendo, durante o mesmo período, com as pessoas reais, as pessoas de carne e osso.”
Sowell mostra um monte de notícias dos principais jornais americanos sobre o suposto aumento da diferença entre ricos e pobres, com ricos acumulando ganhos muito maiores etc. e depois as compara com os dados fornecidos pelo Departamento do Tesouro dos EUA, o qual acompanha a evolução econômica de indivíduos específicos a partir de suas declarações de renda, para então mostrar que as pessoas de carne e osso se movem de uma categoria estatística para outra ao longo da vida, afinal ninguém é prisioneiro de uma classe permanente.
“O que acontece com a renda da categoria ao longo do tempo não é o mesmo que acontece com as pessoas que pertenciam a essa categoria num momento qualquer. Mas são muitos os que, na intelligentsia, estão prontos para adotar quaisquer números que pareçam corroborar sua visão.”
E boa parte deles está dando aulinhas de sociologia para as futuras Lucianas Genros do Brasil.
[* Veja também aqui no blog: “Encarando a verdade sobre o salário mínimo” – um artigo fundamental de Thomas Sowell; e Thomas Sowell sobre salários de negros, brancos e mulheres – um vídeo fundamental transcrito e traduzido.]
Marina, diga-se, ainda se gabou de seu currículo, com o eufemismo mais frequente para “esquerdista”: “Eu tenho uma história ‘progressista’ no Congresso Nacional.” Pois é.
IV.
Voltando à entrevista de João Pereira Coutinho, destaco que, das manifestações que ocorreram no Brasil em junho do ano passado, ele lamenta o seguinte:
“Em vez de os brasileiros protestarem pedindo que o governo os deixe em paz, eles passaram a exigir mais Estado, com mais poder. Por sua parte, as autoridades entenderam que era necessário fazer isso e os políticos voltaram-se para aqueles manifestantes e disseram: ‘Vamos cuidar de vocês, crianças.’ Os brasileiros têm algo de paradoxal. (…) As pesquisas de opinião mostram que a população brasileira quer que o Estado controle a Justiça (80%), o sistema de previdência (72%), a saúde (71%) e a educação (69%). Mais da metade gostaria que os bancos fossem estatais. A ideia corrente no Brasil parece ser a de que o governo é exercido por entidades celestiais, e não pelos mesmos políticos que os brasileiros consideram corruptos.”
Escrevi dezenas de textos na época das manifestações sobre isso, mas convém lembrar o meu resuminho em forma de diálogo, no qual Lula e Dilma também poderiam dizer “Vamos cuidar de vocês, crianças” (e tomem mensalão, Petrolão e companhia, é claro):
VOCÊS QUEREM TUDO DO ESTADO?
JOVENS BRASILEIROS: Sim, nós queremos!
FIDEL CASTRO: Eu dou!
ADOLF HITLER: Eu também!
JOSEF STALIN: Eu dou melhor!
MAO TSÉ-TUNG: É meu! É meu!
LUÍS XIV: Alguém me chamou?…
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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