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Zac Efron explica por que quis fazer filme político ‘Operação Cerveja’

Ator protagoniza a desilusão de um civil com a Guerra Vietnã em novo filme da Apple TV+ com o diretor do oscarizado ‘Green Book’

Por Gabriela Caputo 30 set 2022, 15h42

Perdido no meio de uma estrada no Vietnã, John “Chickie” Donohue dá de cara com uma garotinha que, assustada, abre o berreiro e sai correndo para os braços da família – como se Chickie fosse uma assombração, ou algo muito pior. O ano era 1967, e o americano, apesar de ser um ex-fuzileiro naval, viajara para a península da Indochina não como soldado, mas para encontrar seus amigos da vizinhança e lhes entregar algumas latinhas de cerveja, em nome da comunidade. A atitude despirocada de Chickie é retratada no longa Operação Cerveja, lançado pela Apple TV+ nesta sexta-feira, 30, e dirigido por Peter Farrelly, que também comandou o polêmico Green Book, vencedor do Oscar de melhor filme em 2019.

O mais impressionante é que se trata de uma história real, adaptada do livro de memórias de Chickie, The Greatest Beer Run Ever. A decisão da viagem, feita em uma mesa de bar, não poderia ter sido mais inconsequente, o que ele percebe conforme se depara com a cruel realidade de uma guerra conhecida por ter sido fortemente questionada pela opinião pública – enquanto o governo americano manipulava informações. Além de Zac Efron no papel principal, Russell Crowe interpreta um correspondente de guerra e Bill Murray faz um orgulhoso patriota americano.

VEJA conversou com Zac Efron, Peter Farrelly e Chickie Donohue sobre a concepção do filme e as percepções reais sobre a polêmica guerra:

Como você reagiu quando leu o roteiro pela primeira vez?
Zac Efron: Eu ficava voltando para reler a frase que dizia que era baseado em uma história real, porque não conseguia acreditar. Fui levado por uma montanha-russa emocional. Nunca liguei tão rápido para meus agentes, dizendo que estava dentro. Achei bom demais para ser verdade. Este é o tipo de filme que estive procurando por muito tempo, marca todas as caixas de um projeto que vale a pena: ele representa algo, tem uma história muito verdadeira, um ótimo diretor e um ponto de vista que ainda não tínhamos visto.

Por que contar essa história agora, neste momento histórico?
Peter Farrelly: Acho que muitos temas do filme estão acontecendo hoje em dia. O mundo não mudou quando a Guerra do Vietnã terminou, ele continuou se repetindo. Além disso, não é de certa forma um filme de guerra, é sobre amizade e traz a perspectiva de um civil. Achei importante, porque parecia que essa história nunca tinha sido contada. Não é o filme padrão sobre o Vietnã.

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Como foi se ver retratado no cinema?
Chickie Donohue: A coisa toda para mim é estranha. Eu não planejei aquela aventura, tenho de admitir que esse era o problema: eu não estava pensando. Naquela época, percebi que todos na minha comunidade estavam fazendo alguma coisa positiva por aqueles rapazes que lutavam no Vietnã. E eu não estava fazendo nada. Mesmo se eu não os encontrasse chegando lá, mesmo se não estivesse fazendo algo pela comunidade como um todo, eu precisava fazer aquilo por mim.

No início da narrativa, o senhor apoiava a Guerra do Vietnã. Como e por que mudou sua visão?
Chickie Donohue: Venho de uma geração em que meu pai, meus tios e quase todo mundo no bairro serviram na II Guerra Mundial. Não achávamos que estávamos apoiando o presidente, mas sim nossos parentes, que estávamos fazendo a coisa certa, por uma boa causa. Por isso, na época da Guerra do Vietnã, eu apoiava meu governo. Simples assim. Provavelmente fui ingênuo. O filme mostra um momento específico em que mudei de ideia, porque percebi que os americanos estavam mentindo. Eu vi. Estava bem na minha frente. Não era justo. Mas tive de ver muitas coisas, antes e depois, que confirmariam. Eu não voltei e me tornei um queimador de bandeiras. Sou americano, tenho orgulho disso, sempre apoiarei meu governo. Mas eu não acredito neles.

Quais os desafios de equilibrar o clima divertido do filme com a parte mais dramática e inevitavelmente pesada que lida com os horrores da guerra?
Peter Farrelly: Não foi difícil. Foi natural, porque essa é a história. O começo é ridículo. Você não consegue não rir da estupidez da ideia. Então, à medida que Chickie passa por coisas que teriam parado qualquer outra pessoa e não desiste, mas avança para entregar mais cervejas, ele vai parar no meio de uma guerra ao vivo, e o filme fica mais sério. Só retratamos a realidade. A trajetória é naturalmente engraçada e a transição foi espontânea.

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