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The Rock: a guinada à direita do astro peso-pesado que já apoiou Joe Biden

Dwayne Johnson retirou o apoio ao presidente americano e se aproximou da oposição trumpista em entrevista ao canal Fox News

Por Thiago Gelli Atualizado em 9 Maio 2024, 12h32 - Publicado em 9 abr 2024, 11h48

Um dos mais célebres astros de cinema descobertos na luta livre, Dwayne ‘The Rock’ Johnson construiu sua carreira por meio de brutamontes carismáticos e, muitas vezes, bobos. Montanha de músculos inofensiva em comédias como Jumanji: Bem-Vindo à Selva, Moana: Um Mar de Aventuras e O Fada do Dente, o ator nunca foi visto como referencial político, nem almejou tal posição: tirou o título de eleitor aos 28 anos, manteve-se longe de polêmicas e se comprometeu a trabalhos muito comerciais e pouco ousados. Agora, porém, o peso-pesado assinala sua aproximação à direita americana. Na última quinta-feira, 4 de abril, Johnson deu entrevista ao canal Fox News, notório pelo viés republicano, e disse se arrepender de ter declarado apoio a Joe Biden em 2020, além de agora querer se afastar de debates políticos — ao mesmo tempo em que se demonstra mais expressivo do que nunca.

Na entrevista, o ator explicou: “Quando prestei apoio ao Biden anos atrás, acreditava que era a melhor decisão para mim no momento, mas aquilo causou algo que me destrói por dentro — divisão. Não percebia isso na época, só achava que o mundo estava muito caótico e queria que tudo se acalmasse”. Agora, ele não planeja declarar seu voto na eleição de 2024, pois quer “unir o país” e driblar qualquer controvérsia — “neste nível de influência, é entre mim e a urna”.

Mesmo assim, as andanças do ator evidenciam sua bússola atual. Em janeiro, ele foi convidado a tocar o famoso sino da bolsa de Nova York, o que fez ao lado de seu antigo mentor, Vince McMahon — ex-CEO da WWE que abandonou o cargo após múltiplas acusações de agressão sexual. Apesar de já ter declarado “apoiar mulheres”, Johnson nunca comentou as denúncias contra o amigo, e seus representantes jamais responderam pedidos da imprensa por declarações. Já em sua conversa com o repórter Will Cain na Fox News, o ator teve uma resposta inusitada ao ser questionado sobre estar contente com os Estados Unidos de hoje. Em vez de levantar pontos notórios e abrangentes como violência e ódio, ou mesmo falhas da gestão Biden, o artista especificou “a cultura do cancelamento e a divisão ‘woke'” como motivos principais de seu descontentamento, ambos pontos muito criticados pela direita do país.

Quando declarou seu apoio a Biden, em 2020, Johnson o fez após apontar que “como centrista e politicamente independente” já havia votado tanto em republicanos quanto democratas. Alguns anos antes, em 2016, ele disse ter se abstido do voto após ter pedido uma resposta aos deuses, que teriam lhe aconselhado a deixar a urna de lado. Sem nunca se comprometer, o ator declarou em 2018 que Donald Trump havia “provado para algumas pessoas que qualquer um pode se candidatar à presidência e, para muitas, que nem todos deveriam”. Nos bastidores, o ator também é famoso por exigir nunca perder uma luta fictícia, a fim de preservar a imagem de “macho alpha”.

A postura cambaleante demonstra o receio de Johnson em alienar qualquer parte de seu público, mas ele periga assim perder o carinho de ambas. Desde sua divulgação, a polêmica entrevista já foi rechaçada em um dos principais talk shows dos Estados Unidos, The View, no qual o ator foi vaiado pela plateia após a exibição de trechos da conversa em um segmento sobre assuntos quentes do dia. Ao fim do debate, a apresentadora e estrategista política Ana Navarro concluiu: “Todos amam The Rock, e ele quer que todo o mundo o ame”.

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