Em cartaz nos cinemas, o filme Som da Liberdade se tornou um sucesso nos Estados Unidos com um enredo que denuncia o tráfico e a escravidão sexual infantil nas Américas. Baseado em uma história real, o longa tem o ator Jim Caviezel — famoso pelo papel de Jesus em A Paixão de Cristo (2004) — como intérprete de Tim Ballard, um agente da Segurança Nacional americana que prende consumidores de pornografia infantil até decidir embarcar em missões arriscadas pela América Latina para resgatar crianças vítimas de uma rede de tráfico internacional. Sem apoio do governo americano para custear suas missões, ele, com ajuda de financiadores, fundou a empresa Operation Underground Railroad. A jornada heroica já arrecadou mais de 200 milhões de dólares de bilherteria ao redor do mundo e estreou no Brasil nesta quinta-feira, 21. O que gera fascínio em torno do longa, entretanto, é mais do que a narrativa de ação, e sim as polêmicas que o envolvem. Além do filme ter sido abraçado e impulsionado pela extrema-direita americana e pelo movimento QAnon, figura misteriosa que propaga teorias da conspiração infundada nos EUA — o ator Jim Caviezel é simpatizante do movimento, inclusive –, uma bomba recai sobre a divulgação do filme: o Tim Ballard da vida real está sendo acusado de má conduta sexual por pelo menos sete colegas que atuaram junto com ele em suas missões de resgate.
Segundo uma reportagem da Vice publicada nesta semana, Ballard deixou o posto de CEO da Operation Underground Railroad após abertura de investigação de má conduta sexual. Ao veículo, as supostas vítimas relataram, sob anonimato, que durante missões em que atuavam disfarçados, o agente insistia para que elas “tomassem banho com ele” para convencer traficantes. Outra denunciante alega ter recebido fotos de Ballard de cueca perguntando “até onde ela iria para salvar crianças”. Uma carta anônima, escrita supostamente por um funcionário da empresa, que tem circulado entre a comunidade filantrópica de Utah também acusa Ballard de assédio sexual durante uma operação. Ballard nega todas as acusações. “Tal como acontece com todos os ataques ao meu caráter e integridade ao longo de muitos anos, as últimas alegações sexuais veiculadas pelos tabloides são falsas. São invenções infundadas destinadas a destruir-me a mim e ao movimento que construímos para acabar com o tráfico e a exploração de crianças vulneráveis”, disse ele em um comunicado enviado à Vice.
Em entrevista exclusiva a VEJA, Jeffrey Horman, cofundador da produtora Angel Studios, que é a distribuidora de Som da Liberdade, falou brevemente sobre o impacto das denúncias contra Tim sobre o filme. “Há alegações conduzidas pela mídia contra ele, e tomamos a decisão por suspender o julgamento dessa questão até que os fatos e as verdades sejam revelados. Ficamos sabendo do caso há poucos dias, então não vamos julgá-lo tão rapidamente”, declarou.
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