No dia 11 de abril de 2001, a seleção de futebol da Samoa Americana, pequeno arquipélago da Polinésia, protagonizou um dos piores vexames da história do esporte: em partida das eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, a equipe foi derrotada pela Austrália por um impressionante placar de 31 a 0. Vítima da maior goleada já vista entre seleções oficiais, a Samoa Americana teria seu momento de glória uma década depois, ao conquistar uma improvável primeira vitória com 2 a 1 sobre Tonga nas eliminatórias da Copa de 2014, sob o comando do hesitante técnico holandês-americano Thomas Rongen. A história dos simpáticos azarões e do treinador gringo ranzinza foi retratada como documentário em 2014, e agora chega às telas com Michael Fassbender no papel central em Quem Fizer Ganha (Next Goal Wins, Estados Unidos/Reino Unido, 2023), que estreia nos cinemas na quinta-feira 14. “Não foi o jogo que me atraiu, mas a história do time. É sobre como não importa de onde você é, e se você está perdido ou solitário: você pode se conectar às pessoas, se abrir para isso”, explicou a VEJA o diretor Taika Waititi.
Tocante e divertida, a comédia dirigida pelo neozelandês ilustra um movimento curioso: jogados para escanteio nos últimos anos, os filmes de temática esportiva estão de volta. Só em 2023, além da zebra da Samoa Americana, longas como o cômico 80 for Brady: Quatro Amigas e Uma Paixão, inspirado na história real de fãs octogenárias do astro do futebol americano Tom Brady, e Creed 3, sequência da saga de sucesso do boxe, fizeram barulho nos cinemas, enquanto os azarões da série Ted Lasso divertiram o público unindo emoção e humor no streaming AppleTV+.
A História do Futebol para quem tem pressa
Do drama à comédia, as tramas do gênero foram um filão lucrativo de Hollywood por décadas, com astros como Tom Hanks (Uma Equipe Muito Especial, 1992) e Denzel Washington (Duelo de Titãs, 2000) protagonizando histórias que usam o esporte como ferramenta para falar de temas universais como superação, trabalho em equipe e a busca por sonhos aparentemente inalcançáveis. Cativantes e populares para todas as idades, as tramas esportivas, assim como as comédias românticas, perderam terreno com o domínio dos super-heróis nos cinemas. Antes requisitados, os atletas e suas histórias de reinvenção pessoal deram lugar a superpoderosos com objetivos muito maiores, como salvar o universo. Agora, com o cansaço da fórmula dos blockbusters da Marvel, a inspiração esportiva retoma espaço: no próximo ano, a temática volta à tona em longas como o aguardado Ferrari, de Michael Mann, que vai em busca de uma vaga no Oscar com a história da lendária escuderia italiana, e Rivais, que terá a adorada Zendaya em um triângulo amoroso de tenistas. Ao que parece, o jogo está só começando.
Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2023, edição nº 2871
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