Leena Klammer (Isabelle Fuhrman) aparenta ser uma doce menina inocente a primeira vista. Mas o fato de estar internada em uma clínica psiquiátrica na Estônia — e ser considerada a paciente mais perigosa do local —, quebra completamente a imagem meiga que ela mesma tenta vender. Após arquitetar sua fuga sangrenta do Instituo Saarne, a garota se infiltra em uma família dos Estados Unidos fingindo ser Esther, a filha desaparecida de um casal podre de rico. Apesar de soar com a mesma e absurda premissa de A Órfã, lançado em 2009, Órfã 2: A Origem, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, traz uma reviravolta ainda mais rocambolesca para atrair os pobres fãs de terror — sempre sedentos por algo criativo.
O problema, porém, é que a produção exige que o espectador se desapegue completamente do raciocínio lógico. Quando estrelou o primeiro longa, a atriz Isabelle Fuhrman tinha 12 anos, e convencia no papel da assassina em série que parecia ser uma criança, mas, na verdade, era uma mulher adulta que sofria de nanismo proporcional. Agora, a atriz de 25 anos precisou parecer ter apenas 9 para interpretar a pestinha demoníaca no prelúdio da história. Com alguns truques de câmera e maquiagem, Fuhrman até que dá conta da missão, mas não engana e, de novo, o público precisa encarar a máxima “aceita que dói menos”.
Já partindo do fato de que Leena é uma assassina psicótica estabelecido no primeiro filme — que, inclusive, tem uma revelação sobre as motivações da vilã digna de gargalhadas —, a nova história foca na primeira vítima da garota. Seu alvo foi a família Albright. Interpretados pela ótima Julia Stiles e por Rossif Sutherland, os pais vivem agoniados com o sumiço da filha Esther. Graças a semelhança física, Leena finge ser a criança e passa a enganar os dois. A ideia de roubar uma quantia polpuda em dinheiro some quando ela se afeiçoa romanticamente ao pai. Além disso, sem grandes spoilers, existe um segredo de família sombrio que muda completamente os rumos dos planos de Leena.
Assim como todo filme de terror de sucesso, que de tempos em tempos é visitado (alguns até assombrados) por continuações que ninguém pediu, Órfã 2: A Origem se destaca por trazer uma trama original que não cai nas histórias de origem insossas de grandes vilões. Apesar de economizar nas cenas sangrentas e levar a premissa absurda mais a sério do que ela merece, a produção é uma divertida pedida para aqueles que gostam do primeiro filme e querem ver um horror mais descompromissado — e com neurônios desligados.