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O triunfo de Jeff Bridges, da cura do câncer ao sucesso em ‘The Old Man’

Na série, ator vive um ex-agente da CIA durão e com muitos inimigos — durante as filmagens, superou doença que quase o matou

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 set 2024, 11h50 - Publicado em 13 set 2024, 06h00
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  • Hoje em dia, Jeff Bridges se surpreende ao rever o início da primeira temporada da série The Old Man. No drama de espionagem lançado em 2022, o ator encara sequências de lutas elaboradas. Para Bridges, porém, o espanto ao revê-las não tem a ver com seu notável desempenho físico aos 74 anos, mas por lembrá-lo de que, quando rodava boa parte daquelas cenas, ainda não sabia que havia um tumor maligno de 30 centímetros em seu estômago. “Eu não sentia dor, só sentia como se tivesse um osso na minha barriga. Então, pensei: será que é normal ter um osso na barriga?”, contou ele com humor ácido em entrevista a VEJA.

    De fato, não era normal: Bridges foi diagnosticado com um linfoma avançado e as filmagens foram interrompidas, pouco antes do início da pandemia. Em 2021, debilitado pela quimioterapia, o ator ainda enfrentou um quadro grave de covid-19 — combinação que o colocou em situação extremamente delicada. Quando Bridges fala sobre a superação desses problemas, é visível a satisfação extra no rosto sorridente do astro, que lança agora a segunda temporada da série, com episódios semanais às quintas-feiras no Disney+. “Eu pensei que não conseguiria terminar nem a primeira temporada. Quem diria que eu chegaria até a segunda?”, afirma.

    Baseado no romance de mesmo nome, do americano Thomas Perry, The Old Man parte de uma premissa comum em Hollywood: um ex-agente da CIA é perseguido por inimigos do passado e pela própria agência. Nas mãos de Bridges e de seus colegas, a trama batida ganha requinte e profundidade, além de uma honestidade brutal que já dá as caras no título — “o homem velho”, em português. Bridges, aliás, não é o único digno do personagem-título: o drama conta com um elenco de faixa etária generosa — e faz isso sem ignorar as limitações da idade e sem transformá-las em muletas.

    Quando surge em cena pela primeira vez, Dan Chase, personagem de Bridges, levanta várias vezes na madrugada para ir ao banheiro — uma sina da idade. Enquanto isso, seu antagonista, o agente do FBI Harold Harper, vivido por um impecável John Lithgow aos 78 anos, chora a perda do filho escondido do neto. Um terceiro veterano aparece: Joel Grey, aos 92, é o policial que treinou Harper e Chase — e sobre os quais ainda exerce influência. Em campo na invasão soviética no Afeganistão, Chase conseguiu irritar todos os lados envolvidos no conflito, tornando-se um pária de alcance internacional. Por trinta anos, viveu escondido com a esposa e a filha em seu próprio país, os Estados Unidos — paz que chega ao fim no início da série, quando seu paradeiro é descoberto. Na segunda fase, o Afeganistão vira cenário principal, adicionando ao visual pitadas de faroeste.

    Com sete indicações ao Oscar, uma estatueta na estante por Coração Louco (2009) e estrela do cultuado O Grande Lebowski (1998), Bridges começou a trabalhar aos 6 meses de idade. Filho dos atores Lloyd e Dorothy Bridges, ele cresceu em Hollywood — e de lá nunca saiu. Aposentadoria, aliás, não é uma palavra no vocabulário do ator. “O mundo é feito de histórias, não de átomos”, diz ele, todo poético. “São as histórias que nos conectam e que me mantêm fazendo filmes e séries.” O velho guerreiro continua em cena.

    Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2024, edição nº 2910

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