Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Em Cartaz

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca
Continua após publicidade

O que torna ‘Longlegs’, com Nicolas Cage, o terror mais perturbador do ano

O ator vive um psicopata que transforma pais de família em assassinos — um exame da crueldade que rende um filmaço de terror

Por Thiago Gelli 31 ago 2024, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Numa casa de fazenda americana, um padre faz sua visita de rotina a uma família de fiéis. Dentro do lar adornado por cruzes e imagens do ex-presidente Richard Nixon, porém, não é recebido com a típica hospitalidade interiorana — mas a machadadas. Ensandecido, o pai da família primeiro esfacela o religioso até a morte e, então, parte para cima da esposa, ceifando sua vida com o mesmo sadismo antes de encerrar a própria existência. Vinte anos depois, o caso segue sem explicação, mas subitamente se conecta às histórias de outras figuras paternas que se voltaram contra seus núcleos familiares graças à misteriosa influência do serial killer que dá título a Longlegs — Vínculo Mortal, longa de terror que acaba de estrear nos cinemas.

    Jamais presente nas cenas dos crimes, o psicopata Longlegs — um irreconhecível Nicolas Cage — denuncia seu envolvimento nas mortes brutais apenas por meio de bonecas e cartas satanistas que deixa junto às vítimas. Impossível de rastrear ou compreender, o assassino é um enigma para os agentes do FBI que o perseguem, até a chegada da jovem Lee Harker (Maika Monroe) às investigações. Com estranhas habilidades mediúnicas, ela fascina não só seus colegas como o assassino, que passa a abastecê-la de informações privilegiadas, em dinâmica similar à que move os personagens de Jodie Foster e Anthony Hopkins em O Silêncio dos Inocentes (1991).

    Assim como o clássico sobre Hannibal Lecter, Longlegs é um noir que investiga o lugar de atos inconcebíveis de violência dentro do sonho americano — pergunta que também motivou o cineasta David Fincher a elaborar as macabras mortes bíblicas de Se7en — Os Sete Crimes Capitais (1995). A ferramenta aqui, porém, não é mais a chocante violência explícita dos cineastas americanos do fim do século XX ou de colegas europeus feito Michael Haneke, de Violência Gratuita (1997). Na visão do diretor Oz Perkins, é a atmosfera opressiva sem trégua que denuncia a crueldade humana e expõe a natureza incompreensível do mal. Em Longlegs, todos os espaços já têm o macabro em seu DNA. Em vez de closes no rosto dos personagens, recintos são filmados em planos abertos perturbadores (que, às vezes, escondem até aparições do Diabo).

    Mesmo assim, a inspiração do filme não é o pânico satânico ou a surrada temática do exorcismo, mas a vida familiar de seu diretor. Oz é filho de Anthony Perkins, ator que viveu o assassino Norman Bates em Psicose (1960), clássico de Hitchcock, e que se casou com a atriz Berry Berenson em 1973 após passar por tentativa de cura gay. A real sexualidade do pai era segredo mantido pelo casal para os filhos, bem como a aids que causou sua morte, em 1992. O diretor, então, tece uma história sobre como familiares mentem por amor, abrindo feridas geracionais. A ideia de produzir a trama foi logo abraçada por Nicolas Cage, cuja mãe sofria de esquizofrenia e depressão.

    Não é surpreendente que a história fuja de um final feliz: Longlegs aterroriza pela transparência com que encara os dilemas vis da vida cotidiana. No mundo nem tão distante do enredo, todo vilão é o herói de sua história (ou da família), e a bondade é tão inatingível quanto a vida doméstica ilibada. Longlegs pode não trazer sustos ou imagens gráficas, mas se garante como o terror mais memorável do ano — após a sessão, boa sorte com os pesadelos.

    Publicado em VEJA de 30 de agosto de 2024, edição nº 2908

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.