O documentário O Que Jennifer Fez? vem chamando atenção dos assinantes da Netflix desde sua estreia em 10 de abril, figurando entre os dez longas-metragens mais vistos da plataforma desde então. Para além da curiosidade mórbida, entretanto, há outro motivo para o interesse — a produção é acusada de usar a inteligência artificial para gerar imagens falsas, utilizadas para a dramatização da narrativa. Duas imagens específicas mostram a assassina Jennifer Pan alegre carregam imperfeições características da tecnologia: dedos deformados, detalhes retorcidos, falhas de geometria e detalhes anatômicos incondizentes com a realidade, entre outros.
O filme de menos de 90 minutos conta a história de Jennifer Pan, condenada à prisão perpétua em 2010 após contratar um assassino de aluguel a fim de herdar meio milhão de dólares dos pais. O crime deixou o pai da menina ferido e a mãe, morta. Como no infame caso de Suzane Von Richthofen, a própria menina denunciou o crime à polícia em tentativa de aparentar inocência, mas não conseguiu manter a farsa de pé ao longo da investigação.
Dirigido pela documentarista Jenny Popplewell, o longa utiliza as imagens supostamente geradas por IA para ilustrar momentos descontraídos da protagonista que aumentam o choque em torno de suas ações. Durante a exibição das fotos, um antigo amigo de Jennifer a descreve como “alegre, feliz, confiante e muito genuína” e alega que a jovem queria se rebelar contra a pressão acadêmica dos pais.
Em alta na ficção, a inteligência artificial vem sendo implementada no departamento de arte de diversas séries e filmes, chegando até a superproduções como Invasão Secreta, da Marvel. Já sua utilização no contexto documental põe em xeque os preceitos do formato, comprometido com a busca de relatos embasados e imagens de arquivo certificadas para combater a desinformação e deep fakes, imagens manipuladas que podem parecer reais. Até o momento, a Netflix não se pronunciou sobre o assunto.
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