Após celebrar seus 100 anos de existência em 2023, o estúdio de animação Walt Disney decidiu eternizar a efeméride do jeito que sabe: com um filme. Chegado aos cinemas brasileiros nesta quinta, 4 de janeiro, Wish — O Poder dos Desejos, então, se inspira nas dezenas de anseios e estrelas mágicas que fazem parte do cânone das princesas Disney, centrando sua narrativa na luta da jovem Asha (Ariana DeBose) para que os cidadãos de seu reino tenham seus pedidos atendidos. Obstinada, ela conta com a ajuda de um adorável astro e um bode falante, cujo timbre grave é concedido no Brasil pelo comediante Marcelo Adnet. Em conversa com VEJA, ele comenta o processo de caracterização vocal, sua relação com o estúdio e a sensação de trocar os palcos adultos pelo entretenimento infantil:
Trabalhando com dublagem, a inspiração para a voz certa parte de quais elementos do personagem? Sempre imaginei que esse processo fosse maior do que é, cheio de testes e variações, mas, na verdade, sou guiado pelo diretor. Na dublagem, é ele quem ampara o ator, que muitas vezes não tem experiência o suficiente para calibrar a personalidade, a emoção, a entonação e a técnica da boca. No estúdio, eu dou algumas opções e é ele quem modula o caminho até chegar ao personagem. Sou um cara que confia muito nos profissionais. Dublar é bem difícil. O original acaba sendo uma referência, mas a proposta nunca é imitá-lo. O mais importante é ficar dentro de uma zona em que podemos soar genuínos.
Esse filme foi feito em comemoração aos 100 anos dos estúdios Disney. Antes de trabalhar diretamente com eles, você já tinha alguma relação com esse universo? Totalmente. Não só as animações, como os discos que contavam as historinhas, que eram para a gente o que os tablets são para as crianças de hoje. Fui muito marcado por Branca de Neve e os Sete Anões, e, como adulto, ator e dublador, consigo agora admirar elementos dos filmes que não percebia na infância. Para mim, nem são mais produtos só para crianças, pelo contrário. São engraçados, sagazes, inspiradores e ácidos. Vou ver Wish junto da minha filha e espero que, assim como eu e os clássicos, ela possa se emocionar hoje e ver esse trabalho sobreviver gerações no futuro.
O seu trabalho como comediante é voltado ao público adulto, mas as dublagens lhe proporcionam esse contato com as crianças. Qual a diferença entre fazer um adulto rir e arrancar uma gargalhada de criança? É muito especial. Quando vou para um aniversário de criança e vejo um palhaço, por exemplo, tem algo de mágico ali. Esses caras merecem todo o valor, porque trabalham com um público muito puro, cuja atenção só é capturada se houver uma conexão genuína. É também um baita aprendizado, porque a vida adulta — seja no humor ou em outras áreas — acaba complicando tudo. As crianças nos lembram que a simplicidade pode ter grande sofisticação. Às vezes, o feijão-com-arroz é muito rico.
O filme lida com essa ideia mágica dos desejos, que faz parte das histórias da Disney desde sempre. Se você pudesse pedir algo a uma estrela mágica, o que pediria? Bom, meu pedido seria, obviamente, um pedido bem grandioso. Não sei se ele seria atendido, mas pediria por um mundo onde crianças não passassem por nenhum tipo de perrengue. Onde o básico fosse, de fato, básico: escola, carinho e saúde. Todas teriam acesso à água potável e esgoto tratado para que pudessem brincar, estudar, aprender e sobreviver. A gente tem nossos desejos e anseios pessoais, mas não podemos esquecer do mundo.
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