A animação Lighyear conta a história de origem de Buzz, o icônico patrulheiro espacial da franquia de filmes Toy Story. O filme estreia na próxima quinta-feira, 16, e é mais um fruto da parceria de longa data entre a Pixar e a Disney e apresenta um novo universo e, portanto, novos personagens. Entre eles está a astronauta Alisha que, em uma cena, cumprimenta sua companheira, Kiko, com um beijo. Por causa do gesto carinhoso, o longa foi censurado na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e na Malásia, segundo as revistas americanas The Hollywood Reporter e Variety.
O Escritório Regulador de Mídia dos Emirados Árabes Unidos anunciou nesta segunda-feira, 13, que o filme, programado para estrear em 16 de junho, não foi licenciado para exibição pública devido à sua “violação dos padrões de conteúdo de mídia do país”. Inicialmente, Lightyear havia sido aprovado, visto que as restrições de censura no país estão se afrouxando, mas a decisão foi revogada após reclamações nas redes sociais acusarem o filme e a Disney de estarem insultando os muçulmanos e o Islã.
Já na Arábia Saudita, o longa não chegou a ser submetido a censores, pois já teria sido previsto que não entraria em cartaz. O país proíbe totalmente relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. Na Malásia, a LPF (Lembaga Penapis Filem – Conselho de Censura de Filmes, em tradução livre), autoridade de censura do país, tem uma postura rígida contra qualquer filme que contenha temas, diálogos ou cenas envolvendo “sexo homossexual e não natural”. A Disney teria se recusado a fazer edições requisitadas pelo órgão.
A cena de beijo entre as duas personagens já havia sido cortada de Lightyear pela Disney. No entanto, a decisão foi revogada depois que animadores da Pixar contestaram a companhia através de uma carta aberta divulgada em março deste ano, em que alegavam censura sobre conteúdos com “afeto abertamente gay”. O protesto veio à tona ao mesmo tempo em que o governo da Flórida avançava na aprovação de um projeto de lei que proíbe discussões sobre gênero e sexualidade nas escolas primárias locais, apelidada pelos cíticos de “Don’t Say Gay” (não fale “gay”, em tradução literal).
Com um discurso pautado pelo aumento da diversidade, a Disney foi pressionada a se opor à medida, e o CEO da empresa, Bob Chapek, enviou um comunicado aos funcionários dizendo que o “maior impacto” da companhia para um mundo mais inclusivo seria “através do conteúdo inspirador que criamos”. Os funcionários, por sua vez, rebateram, dizendo que estavam sendo impedidos de criar conteúdos LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, queer, interssexuais e assexuais).
Lightyear é apenas um dos títulos em uma lista de grandes produções da Disney que vêm enfrentando censura em países do Oriente Médio e do Sudeste Asiático, por cenas que trazem conteúdo ou referência LGBTQIA+. Amor, Sublime Amor, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e Eternos também foram impedidos de estrear em cinemas de alguns países da região. Geralmente, os censores pedem para que uma série de edições seja feita nos filmes – o que a Disney nem sempre consegue ou está disposta a fazer.