Amarrada a uma maca e lutando para se libertar, Laura Weaver (Caitlin Stasey) é levada até a emergência de um hospital psiquiátrico. Para cuidar do caso, a doutora Rose Cotter (Sosie Bacon) é chamada de imediato e após uma breve conversa com a “paciente” deduz: ela está tendo um surto psicótico. O que se segue é uma cena macabra. Laura, que afirma estar sendo perseguida por uma entidade, cai no chão, levanta e com um sorriso sinistro corta a própria garganta. Rose fica traumatizada, mas aos poucos descobre que a garota não era louca, pois agora a entidade que sorri o tempo todo está atrás dela. A premissa simples, mas intrigante, de Sorria, filme que chegou nesta quinta-feira, 29, aos cinemas brasileiros, até poderia ser eficiente. Afinal, entidades misteriosas são um prato cheio para o gênero do terror. Sorria, porém, se perde no genérico, aposta incansavelmente em sustos baratos, e, nos fãs bem treinados de terror, causa nada mais do que risos.
Rose permanece cética após a morte no hospital. O demônio sorridente demora a convencê-la de que não é fruto de sua imaginação — a mente dela, aliás, já vem sendo assombrada por fantasmas do passado e por um trauma recente. Quando a psiquiatra percebe que não está ficando maluca e que a presença maligna é uma ameaça real, começa a via crúcis para convencer o noivo e a irmã do perigo. O que se segue são momentos em que Rose busca a origem da maldição, que parece funcionar em corrente, ou seja, ser passada de pessoa para pessoa, enquanto ela foge da morte.
Na linha de Corrente do Mal (filme, aliás, muito melhor que Sorria em todos os aspectos possíveis), o longa usa mal o artifício mais barato do horror: os sustos gratuitos, chamados jumpscares. A protagonista fica andando para cima e para baixo procurando uma solução, enquanto o demônio aparece quase da mesma forma em todos os momentos: com uma pessoa aleatória sorrindo, a música aumenta e algo pisca ou grita na tela. A mitologia por trás da entidade, que poderia ser interessante, não é explorada e os dramas do passado da protagonista ficam na superfície. Filmes de terror não precisam ter uma crítica social genial por trás, mas no mínimo devem assustar de forma honesta. E honestidade falta à Sorria. O excesso de sustos baratos do longa funcionam, porém, como ótimo despertador, caso você se pegue dormindo no cinema, ou de razão para risadinhas.