Em 14 de novembro de 2019, Príncipe Andrew aceitou conceder uma entrevista a Emily Maitlis, apresentadora do programa Newsnight, da BBC, diretamente do Palácio de Buckingham. Polêmica, a entrevista é considerada a peça crucial na derrocada de Andrew dentro da família real britânica, que culminou com a retirada de seus títulos militares e patrocínios pela rainha Elizabeth II em janeiro deste ano. Agora, os acontecimentos que cercaram a fatídica entrevista vão virar filme. Intitulado Scoop, o longa será roteirizado por Peter Moffat, autor da série britânica Criminal Justice, que inspirou a premiada minissérie The Night Of. Segundo o jornal britânico The Mirror, Hugh Grant é um nome forte para interpretar o príncipe.
O longa se baseará no recém-lançado livro Scoops: Behind The Scenes of the BBC’s Most Shocking Interviews (‘Scoops: Nos bastidores das entrevistas mais chocantes da BBC’, em tradução livre), de Sam McAlister, ex-produtor do Newsnight. Ele aborda os esforços da equipe de jornalismo do programa e todas as minúcias ligadas à realização da entrevista — desde as negociações com a equipe do príncipe até as repercussões da conversa.
Na ocasião, Andrew foi questionado sobre sua amizade com Jeffrey Epstein, bilionário americano condenado por abuso e tráfico sexual de menores, que havia sido encontrado morto na prisão em agosto daquele mesmo 2019. Também foram mencionadas as alegações de que o próprio Andrew havia abusado sexualmente da americana Virginia Giuffre, quando a mulher ainda era adolescente. Giuffre abriu um processo contra o duque de York em 2021 e, em fevereiro deste ano, um acordo extrajudicial foi realizado.
Na época, a entrevista foi considerada um enorme desastre de relações públicas para Andrew, criticado por não demonstrar empatia pelas vítimas de Epstein ou explicar de maneira apropriada o porquê de ter se associado ao bilionário mesmo após sua primeira prisão em 2008, quando cumpriu uma pena de 13 meses. As respostas, de fato, foram controversas: Andrew afirmou não se arrepender da amizade com Epstein, que o ensinou sobre comércio e negócios.
“O que diabos ele pensou que estava fazendo? Quem o convenceu a fazer aquilo? Por que, quando o resto do mundo estava tão chocado, ele achava que tinha ido tão bem? Que tipo de homem é esse? Ao pesquisar o filme e conversar com os que estão por dentro dessa história extraordinária, obtive as respostas para todas essas perguntas”, disse o roteirista Peter Moffat à revista americana Variety. “Elas são provocantes, muitas vezes surpreendentes, às vezes perturbadoras – e acho que elas criam uma história atraente sobre poder, abuso e coragem jornalística”.