Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês

Em Cartaz

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca
Continua após publicidade

‘Elementos’: os bastidores da animação que resgata força da Pixar

Estúdio exercita a salutar audácia de transformar conceitos abstratos em personagens palpáveis que arrebatam o espectador

Por Kelly Miyashiro, de São Francisco
Atualizado em 4 jun 2024, 10h33 - Publicado em 15 jun 2023, 19h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ao cruzar os portões da sede da Pixar em Emeryville, localidade a um passo de São Francisco e na vizinhança do Vale do Silício, o visitante depara com símbolos clássicos do estúdio, como a luminária que amassa a letra “I” na abertura de seus filmes, ou esculturas de personagens marcantes como Mike e Sulley, de Monstros S.A. Por trás da atmosfera colorida, logo se percebe que o espírito é o mesmo que rege boa parte do ramo da alta tecnologia ali por perto: o ambiente de uma indústria criativa, afinal, é pensado para que os funcionários dos mais diversos departamentos se encontrem e troquem ideias nas salas e corredores. Chama atenção, acima de tudo, a diversidade: na meca da animação, profissionais da Ásia, Europa ou América do Sul convivem diariamente. E o efeito disso é visível nas produções recentes da Pixar, como Red: Crescer é uma Fera, sobre uma menina sino-canadense, e Viva — A Vida é uma Festa, com foco na cultura mexicana.

    SENTIMENTOS - Divertida Mente: trama original sobre o poder das emoções
    SENTIMENTOS - Divertida Mente: trama original sobre o poder das emoções (Disney/Pixar)

    O mais novo exemplar dessa tendência é Elementos (Elemental, Estados Unidos, 2023), filme do cineasta Peter Sohn — animador envolvido nos principais projetos da Pixar desde 1999 — que chega aos cinemas brasileiros na quinta-feira 22, com uma história que se vale dos quatro elementos da natureza (terra, água, ar e fogo) como metáfora tocante sobre a vida dos imigrantes de diferentes origens nos Estados Unidos.

    Criatividade S.A.

    Em parte por culpa da pandemia, a Pixar teve alguns longas de desempenho mediano nos cinemas e no streaming nos últimos três anos — caso do esquecível Lightyear (2022), derivado de Toy Story que não fazia jus ao primeiro arrasa-quarteirão do estúdio, lançado em 1995. Agora, o inventivo Elementos vem comprovar o desejo da Pixar — fundada em 1986 pelo visionário Steve Jobs — de voltar às suas raízes como usina da inovação. Com orçamento de 200 milhões de dólares, o filme segue os ensinamentos de produções que se converteram em fenômenos ancoradas em roteiros originais e surpreendentes — a exemplo de Ratatouille (2007), capaz de transformar um ratinho em chef de cozinha parisiense, e Divertida Mente (2015), que ousou ao falar às crianças até de sentimentos difíceis como a tristeza. Em Elementos, a Pixar exercita a salutar audácia de transformar conceitos abstratos em personagens palpáveis que arrebatam o espectador. Seu fio condutor é o amor impossível entre duas figuras opostas que, claro, se atraem: Faísca, uma jovem temperamental feita de fogo, e Gota, galã sensível composto de água.

    CHEF - Ratatouille: estúdio fez do ratinho um cozinheiro heroico
    CHEF - Ratatouille: estúdio fez do ratinho um cozinheiro heroico (Disney/Pixar)
    Continua após a publicidade

    Filha de um comerciante que precisou deixar a Ilha do Fogo em busca de oportunidades numa cidade futurista (e surreal) chamada Elemento, Faísca sonha em herdar a loja familiar que vende suprimentos para habitantes locais feitos de fogo, como ela própria. Para isso, porém, a mocinha precisará conter seus rasgos incendiários. Seguindo à risca a orientação do pai — avesso a criaturas de água, ar e terra —, ela não se mistura com ninguém. Até cruzar com Gota, um inspetor sanitário que, por questões de segurança, precisa fechar o comércio construído com suor pela família de Faísca.

    Museu Pixar: Histórias e arte do estúdio de animação

    Por baixo da trama singela há notáveis acenos aos imigrantes asiáticos nos Estados Unidos: fala-se do peso da responsabilidade em tocar os negócios em família e da pressão para os jovens se relacionarem apenas com semelhantes — questões tão caras à cultura oriental. A trama é diretamente inspirada pela vida do diretor Peter Sohn, cujos pais se mudaram da Coreia do Sul para os Estados Unidos na década de 1970, e por seu casamento com uma americana — para desgosto da avó asiática conservadora. “Temos tantos talentos diversos, e hoje há mais oportunidade para contar histórias assim”, disse Sohn a VEJA (leia mais abaixo). Prova da abertura a novas vozes é a presença da brasileira Priscila Vertamatti no time. “Vim sozinha para os Estados Unidos aos 18 anos para estudar ilustração. Foi difícil no começo, mas consegui um estágio na Disney, e depois conquistei um espacinho aqui”, conta a paulista — que desenvolveu Turrão, gracioso personagem de terra de Elementos.

    É DO BRASIL - Priscila Vertamatti: a paulista construiu carreira na empresa
    É DO BRASIL - Priscila Vertamatti: a paulista construiu carreira na empresa (//Divulgação)
    Continua após a publicidade

    Coleção Pixar

    O maior trunfo do filme, no fundo, é resgatar um fundamento definidor da Pixar: as tramas que valorizam os sacrifícios familiares e celebram a busca pela identidade. Foram sete anos para desenvolver a produção, e o resultado impressiona: a fluidez dos movimentos dos personagens de água e fogo é um deslumbre. Desde que revolucionou a animação, nos anos 1990, passando pela crise existencial após ser comprada pela Disney, em 2006, a Pixar sempre recuperou o prumo quando não teve pudor em inovar. E esse elemento tão essencial existe de sobra nessa nova produção.

    Publicado em VEJA de 21 de Junho de 2023, edição nº 2846

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    Continua após a publicidade
    A surpreendente homenagem de Cate Blanchett à brasileira Clarice LispectorA surpreendente homenagem de Cate Blanchett à brasileira Clarice Lispector
    Criatividade S.A.
    A surpreendente homenagem de Cate Blanchett à brasileira Clarice LispectorA surpreendente homenagem de Cate Blanchett à brasileira Clarice Lispector
    Museu Pixar: Histórias e arte do estúdio de animação
    Continua após a publicidade
    A surpreendente homenagem de Cate Blanchett à brasileira Clarice LispectorA surpreendente homenagem de Cate Blanchett à brasileira Clarice Lispector
    Coleção Pixar
    logo-veja-amazon-loja
    Continua após a publicidade

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.