Aos 38 anos, Damien Chazelle é um dos cineastas mais jovens e promissores de Hollywood. Seu talento já foi comprovado no ótimo Whiplash e no pop La La Land. Agora, ele vem enfrentando críticas e elogios por sua nova aventura, o filme Babilônia, em cartaz nos cinemas. A produção viaja aos anos 1920 e explora a formação de Hollywood na era do cinema mudo, uma terra de sonhos e libertinagem – combinação explosiva para os protagonistas, vividos pelos figurões Brad Pitt e Margot Robbie, e o quase novato Diego Calva. O ator mexicano, que fez sucesso com a série Narcos, da Netflix, aqui estreia no elenco principal de um grande filme americano. Chazelle e Calva falaram a VEJA sobre a experiência.
Babilônia e La La Land são bem diferentes, mas abordam o mesmo tema: Hollywood e a ideia de “terra dos sonhos”. Como compara as duas produções?
Damien: Acho que de certa forma são dois lados da mesma moeda, com Hollywood sendo a luz no fim do túnel. La La Land, claro, é muito mais leve, é uma espécie de carta de amor para o cinema, mas neste filme eu queria puxar as cortinas e olhar o lado sombrio e oculto da realidade, não apenas de Hollywood, mas de sua origem, de onde nós viemos, de onde vêm os filmes, e tentar ser honesto sobre o que é bom e o que é ruim nesse passado.
O que mais os impressionou nesse mergulho na era do cinema mudo?
Diego: Foi a primeira vez que interpretei um personagem que fica mudo por tanto tempo no filme. Eu me admiro com a capacidade que aqueles artistas tinham de transitar entre o drama e a comédia física, atuar em cenas arriscadas sem dublês. Eles eram multitarefas: produziam, dirigiam, atuavam, eram criadores do filme, não apenas em uma área, mas em todo o espectro da criação de um filme.
Damien: É uma extensão da arte e do talento notável da época, que foi esquecido. Eu acho que nossa concepção da era muda é muito limitada agora, nós pensamos que eram apenas pessoas com movimentos exagerados, mas, na minha opinião, foi um dos melhores tipos de cinema já feito. Foi também o mais próximo que o cinema chegou dessa ideia de sonho, da promessa idealista dos filmes, quando eles nasceram, de uma linguagem universal que encontraria uma maneira de transcender o verbal, transcender a palavra escrita e operar em um nível superior. Acho que, de muitas maneiras, os filmes perderam isso quando passaram a ter som, e não sei se recuperamos. Para mim, ainda é uma espécie de promessa não cumprida do cinema.