Um rapaz mais novo e ingênuo e uma universitária mais velha se conhecem e decidem marcar um encontro. “O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Mônica queria ver um filme do Godard”, diz a letra da canção Eduardo e Mônica – trecho dificilmente lido sem ser embalado mentalmente pela melodia do hit do Legião Urbana. A longa letra descritiva e solar, que narra o romance inesperado entre dois opostos, foi entoada por uma geração de jovens que saía da ditadura militar brasileira nos anos 80 – e aprendia que a tolerância era uma porta para novas aventuras, descobertas e amores. Entre essas novidades estava o cineasta francês citado na letra. Jean-Luc Godard foi um expoente do cinema cult e cabeça, daqueles que poucos conhecem e uma parcela ainda menor de fato entende e gosta de seus filmes. Ao colocar o nome de Godard na letra, Renato Russo não só marcou a diferença cultural entre a intelectual Mônica e o jovem Eduardo, como também apresentou para uma grande parcela da população a existência do cineasta. Graças ao Legião, no Brasil, Godard é pop.