No filme O Melhor está por Vir, o renomado diretor e ator italiano Nanni Moretti interpreta um cineasta fictício com ares de alter ego: trata-se de Giovanni, um homem que, de repente, se vê diante de mudanças que tentam, em vão, abalar seu otimismo ingênuo. O longa cômico começa no set de seu próximo trabalho, um filme de época sobre comunistas italianos. Sua visão romantizada sobre o grupo impera: em determinado momento ele arranca do cenário um pôster de Lênin, afinal, o ditador russo não apareceria em seu filme, dando assim uma banana para a fidelidade histórica da produção. Fora dali, Giovanni aos poucos percebe que sua vida e crenças estão em xeque: nos dias de hoje, o jeito de se fazer cinema mudou; suas visões políticas estão engessadas; sua filha está namorando um tipo peculiar; e sua esposa, braço direito de suas produções, quer o divórcio.
O tom tragicômico conduz o longa que estreou no Festival de Cannes do ano passado. Aos 70 anos de idade e 50 de carreira, Moretti aposta na metalinguagem que flerta com a autoterapia: em uma crise de meia-idade artística, o diretor analisa a trajetória do cinema ao mesmo tempo em que revê suas obsessões, erros e acertos, enquanto faz uma deliciosa viagem por sua devoção à sétima arte. O Melhor está por Vir entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 4.