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A nova coincidência envolvendo o Oscar e o filme de Walter Salles

Diretor que concorreu com ‘Central do Brasil’ deve voltar aos indicados com ‘Ainda Estou Aqui’

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 set 2024, 17h42 - Publicado em 24 set 2024, 12h14

São muitas as similaridades que rondam a nova empreitada de Walter Salles no Oscar comparada à experiência anterior do diretor, em 1999. Naquele ano, Central do Brasil concorreu na categoria de melhor filme estrangeiro e Fernanda Montenegro, como melhor atriz. Agora, o novo longa do cineasta brasileiro, Ainda Estou Aqui, pode repetir o feito: a produção vai representar o Brasil na busca por uma vaga na categoria de melhor filme internacional (antigo filme estrangeiro), e Fernanda Torres, filha de Montenegro, vem sendo cotada para concorrer ao Oscar de melhor atriz. Fernandona, aliás, também está no elenco, interpretando a mesma personagem da filha, mas na velhice. Para além de ter a mesma atriz e a chance de concorrer nas mesmas categorias de Central do Brasil, Ainda Estou Aqui se depara com outra coincidência: nesta terça-feira, 24, a Itália anunciou seu escolhido no Oscar, o filme Vermiglio, ambientado na Segunda Guerra Mundial — lembrando que Central do Brasil perdeu para o drama de guerra italiano A Vida É Bela, que se passava em um campo de concentração.

Com uma fortíssima tradição cinematográfica, a Itália é o país mais premiado na concorrida categoria em que todos os filmes falados em língua não inglesa se aglomeram. No total, o país ganhou catorze vezes e teve 33 indicações — a França, em segundo lugar, teve doze vitórias e 41 indicações. O último longa italiano a vencer o prêmio foi A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, em 2013. 

Até o momento, porém, Vermiglio não demonstrou ter a mesma força de Ainda Estou Aqui — ao contrário do que ocorreu há 25 anos: quando Central concorreu contra A Vida É Bela, o drama italiano entrou na corrida como favorito, pois também havia sido indicado na categoria de melhor filme. Já o troféu de melhor atriz ainda hoje causa discórdia (não só entre brasileiros ferozes). Fernanda, ao lado das favoritas Cate Blanchett, por Elizabeth, e Meryl Streep, por Um Amor Verdadeiro, foram preteridas por Gwyneth Paltrow, do insosso Shakespeare Apaixonado. O romance levou sete estatuetas no total, entre elas a de melhor filme — desbancando produções muito melhores, como O Resgate do Soldado Ryan e, de novo, Elizabeth.

Qual a história de Ainda Estou Aqui?

O filme narra a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo Rubens Paiva, autor do livro de mesmo nome em que Ainda Estou Aqui se baseia. Mãe de cinco filhos, Eunice, interpretada por Fernanda Torres na maioria das cenas e por Fernanda Montenegro nos momentos finais, teve de lidar com o desaparecimento do marido, o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), em 1971, depois de ser levado para dar depoimento por agentes da ditadura militar. Ela se reinventou, ingressando no curso de direito e se tornando especialista na defesa dos povos indígenas.

Em quais categorias o filme pode ser indicado? 

Teoricamente, Ainda Estou Aqui pode concorrer em todas as categorias voltadas para longas-metragens de ficção. Entre as apostas de especialistas, o filme é um título forte entre os longas internacionais — seu principal concorrente até o momento é Emília Perez, indicado pela França. A última vez que o Brasil foi indicado na categoria de filme internacional foi em 1999, com Central do Brasil, também de Walter Salles e com Fernanda Montenegro no elenco. Assim como Fernanda foi indicada à estatueta de melhor atriz na época, Torres também está cotada para conseguir uma indicação e repetir o feito da mãe.

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