Mais um filme da Disney está enfrentando problemas para ser lançado no Oriente Médio por trazer personagens LGBTQIA+. A gigante do entretenimento negou o pedido da Arábia Saudita para cortar uma cena de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. O trecho em questão, de apenas 12 segundos, mostra uma personagem lésbica, America Chavez, interpretada por Xochtil Gomez, falando sobre suas duas mães.
“É apenas ela falando sobre suas mães, porque ela tem duas. E, estando no Oriente Médio, é muito difícil aprovar algo assim”, disse Nawaf Alsabhan, supervisor-geral de classificação de cinema da Arábia Saudita. Apesar de a Disney se recusar a fazer o corte para que o filme possa estrear no país sem nenhum problema, Nawaf disse em entrevista à agência France-Press que a produção não foi banida, contestando relatos que diziam o contrário e foram veiculados na semana passada. “Não há razão para proibir o filme. É uma edição simples… Até agora, eles se recusaram. Mas não fechamos a porta. Ainda estamos tentando.”
A Disney também está enfrentando problemas em outros países do Oriente Médio. De acordo com o jornal americano The Hollywood Reporter, existem rumores até agora não confirmados de que Doutor Estranho 2 será proibido no Kuwait. A venda de ingressos antecipados foi retirada na Arábia Saudita, Kuwait e Catar, mas permanece nos Emirados Árabes Unidos. Eternos, dirigido pela oscarizada Cholé Zhao, e Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg, foram outros filmes da Disney que enfrentaram a mesma sina do novo Doutor Estranho — ambos foram banidos de vários países do Golfo pela abordagem de questões do universo LGBT.
Se a gigante do entretenimento se recusa a tirar temáticas LGBTQIA+ de seus filmes para que eles sejam lançados em países onde a homossexualidade ainda é crime, enfrenta ainda rusgas com seu público, paradoxalmente, pela forma como lida com esses mesmos assuntos. No momento, a Disney está enfrentando problemas envolvendo o projeto de lei Don’t Say Gay (Não diga gay), da Flórida, que visa a vetar discussões sobre identidade de gênero e orientação sexual nas escolas. Acusada de ajudar implicitamente o projeto graças ao seu histórico de doações políticas, a empresa se manifestou em apoio à diversidade, mas foi contestada por vários funcionários que alegam que temáticas LGBTQIA+ são constantemente vetadas pelos executivos da empresa.