Metade dos habitantes da Faixa de Gaza torce para o time do Barcelona. A outra, para o Real Madrid. Quando há jogos de um desses dois times espanhóis, os cafés desse território se enchem de homens fumando cigarro e gritando o nome de seus jogadores preferidos.
A cena se repete em vários países do Oriente Médio, independente de religião ou etnia.
Por que o Barcelona e o Real Madrid são os times mais populares no Oriente Médio?
A resposta mais fácil e óbvia é que os times são bons. “Essas duas equipes têm sido muito bem-sucedidas no futebol mundial. O Real Madrid desde os anos 1950 e 1960. O Barcelona, nas últimas décadas. O fato de que ambos jogam um futebol bonito e excitante só ajuda”, diz o israelense Alon Raab, professor aposentado da Universidade da Califórnia, em Davis, e co-autor do livro Soccer in the Middle East (Routledge).
A relação emotiva entre os habitantes da região e os times espanhóis ainda é reforçada pelos patrocinadores dos times. A Qatar Airways apoia o Barcelona. A Emirates, o Real Madrid.
Entre os fãs do Barcelona também conta a inclinação política. “Há uma forte identificação entre os povos do Oriente Médio e o movimento separatista catalão. Eles veem esse time como representante do desejo de liberdade em suas próprias terras”, diz Raab. Segundo o estudioso, essa sensação é especialmente forte entre os palestinos e os curdos, dois povos que ainda lutam para ter um Estado.
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Em 1936, o presidente do Barcelona, Josep Suñol foi fuzilado pelas forças do general Francisco Franco. Ele era um defensor do nacionalismo catalão e sustentava o slogan “Esporte e Cidadania”. Foi nesse ano que teve início a Guerra Civil Espanhol, que só terminou em 1939.
Suñol era a favor da independência da Catalunha, bandeira que era erguida por jogadores e torcedores do time. Após a execução, jogadores da equipe se juntaram às tropas republicanas, que lutavam contra Franco, segundo Raab.