Enterrar um terrorista sempre é uma dor de cabeça. Se o sujeito era um homem-bomba, os problemas começam já na hora de juntar os pedaços para colocar no caixão.
Em seguida, é preciso contornar a resistência dos prefeitos. Quase sempre, eles não querem que terroristas sejam sepultados nos cemitérios municipais por dois motivos. O primeiro é evitar protestos no velório. O segundo motivo é que os prefeitos temem que o túmulo se torne um ponto de peregrinação para fanáticos.
Esse medo de criar pequenos templos indesejados não se restringe aos terroristas. O nazista Adolf Hitler foi enterrado e desenterrado diversas vezes, até que seus restos foram queimados por oficiais russos da KGB, a agência russa de inteligência (hoje, FSB). As cinzas foram lançadas ao vento em um lugar não identificado na cidade alemã de Magdeburgo.
Em 2011, o corpo de Osama Bin Laden foi levado para um porta-aviões no mar da Arábia. Depois de lavado seguindo os costumes islâmicos, ele foi envolvo em um lençol branco, colocado numa bolsa com pesos e lançado em alto-mar. Bin Laden não foi cremado porque isso iria contra os princípios islâmicos que acreditam na ressurreição do corpo.
O governo de Israel em muitos casos hesita em devolver o corpo de terroristas palestinos para os familiares. Em 2015, ocorreu a “Intifada das facas”, em 2015, quando jovens avançaram contra moradores de Israel, principalmente perto de Jerusalém. O governo só aceitou entregar os corpos no ano seguinte, após fazer um acordo com os familiares.
Pelo que foi combinado, os enterros deveriam ocorrer no meio da noite e com não mais que cinquenta pessoas. Os rituais não poderiam ultrapassar mais do que duas ou três horas. Cada família ainda deveria dar 20 000 shekels, a moeda israelense, para as autoridades como caução. Se alguma das condições não fosse obedecida, o dinheiro não seria devolvido.
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A história obviamente é diferente quando os criminosos são enterrados em lugares onde suas autoridades, ou uma parte delas, apoiam o terrorismo. Imad Mughniyah, do grupo terrorista Hezbollah, foi sepultado em 2008 em um cemitério especial dedicado aos mártires no bairro xiita que fica ao sul de Beirute, capital do Líbano. No Irã, que financia o Hezbollah, Mughniyah virou nome de rua e ganhou um selo comemorativo, para ser usado nas correspondências oficiais com outros países. Um túmulo simbólico foi erguido em sua homenagem em um cemitério de Teerã.
O libanês Mughniyah foi quem inventou o atentado suicida. Ele esteve envolvido em um atentado contra fuzileiros americanos e franceses no Líbano e da embaixada americana em 1983 e da explosão da embaixada israelense em Buenos Aires, em 1992. Só nesses episódios, foram mais de 400 mortos.