O Paraguai ganhou fama como produtor de uísque falsificado nos anos 1960 e 1970. Nessa época, a Polícia Federal do Brasil, em parceria com as autoridades paraguaias, fechou centenas de destilarias no país vizinho. Por isso, comentava-se muito de uma tal bebida chamada El Juanito Caminante, uma piadinha com a marca Johnnie Walker, da Escócia.
A situação mudou nos anos 1990 por dois motivos. O primeiro é que diminuiu muito o imposto de importação das bebidas. Atualmente, quando alguém traz algum uísque do Paraguai, provavelmente é original.
O segundo motivo é que as companhias internacionais, como a Diageo e a Pernod Ricard, melhoraram muito a distribuição de produtos no Brasil.
Hoje, as fábricas que produzem uísque falsificado para o mercado nacional ficam todas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). Elas estão principalmente nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Pernambuco e Paraná.
Sete de cada dez dessas fábricas compram garrafas vazias com suas caixas originais de bares e restaurantes. Limpam o vasilhame e inserem dentro deles alguma bebida mais barata. Depois, revendem o produto reciclado. Não é bem uma falsificação, mas sim uma fraude.
As outras três fábricas, das dez, são o que se pode considerar como destilaria de fundo de quintal. Elas produzem o uísque com álcool etílico, éter, iodo e corante de caramelo. Fazem isso sem a mínima higiene e, às vezes, usando banheiros imundos como depósito.
A principal preocupação dos brasileiros não é com o uísque, e sim com os cigarros. As leis brasileiras proíbem a importação deles para evitar que empresas nacionais enganem o fisco. Apesar disso, mais da metade dos cigarros que são fumados no estado de São Paulo são contrabandeados. Em 2014, esse índice era de 36%.
Esse aumento se deve principalmente à elevação de impostos e a uma frouxidão no controle de fronteiras.
Uma das marcas mais conhecidas de cigarros feitos no Paraguai atualmente é a Eight, da Tabesa. O dono dessa fábrica é ninguém menos que Horácio Cartes, o presidente do país.
Um estudo microbiológico encomendado pela ABCF em 2001 com cigarros produzidos no Paraguai e apreendidos em Foz do Iguaçu encontrou vários corpos estranhos entre as marcas. O relatório acusou a presença de barbante, pedaços de plástico, capim, sementes, grãos de areia, papel manchado e até inseto.