Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês

Claudio Moura Castro

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Uma lição para a vida

É melhor reforçar a formação geral, inspirada na Europa

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h26 - Publicado em 4 set 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ao nascer, o pai decidiu que o menino seria campeão de golfe. Aos 2 anos, começaram os treinos, “científicos” e obsessivos. Aos 5, venceu todos no clube local. E toma tacada na bolinha. Tiger Woods virou o melhor de todos.

    A família de Roger Federer nunca o pressionou a nada. Na sua juventude, praticou inúmeros esportes, e em vários deles era excelente competidor. Sua escolha do tênis veio bem mais tarde. E tornou-se o sucesso que conhecemos.

    Um começou como especialista, o outro, como generalista. Qual a melhor fórmula? Depende do esporte. Quando a gama de opções é restrita e bem definida, como no golfe, especializar-se é uma boa estratégia. Mas no tênis mudam a raquete, a quadra, a técnica, a personalidade do adversário e o clima do jogo. Cada momento pede uma estratégia. A largueza da experiência de Federer deu-­lhe uma vantagem indiscutível. Até aqui, inspirei-­me no esplêndido livro de David Epstein, Por que os Generalistas Vencem em um Mundo de Especialistas, de 2019.

    Vejamos agora como essas ideias se rebatem no ensino superior brasileiro. Na cirurgia de catarata ou na microcirurgia, vence o dono das mãos mais precisas e adestradas. Mas do clínico geral espera-se um repertório técnico variado, amplo, crescente e com intuições criativas. E, também, preparo para enfrentar os dramas e as idiossincrasias de cada paciente, lidando com a vida, o sofrimento e a morte. Essa atividade pede uma formação mais abrangente.

    Continua após a publicidade

    “Vale mais a postura generalista do tenista Roger Federer do que a especialista do golfista Tiger Woods”

    Na antiga fórmula francesa, os cursos superiores eram estreitamente focados na profissão. Foi lá desenvolvida quando o ensino médio tinha excepcional qualidade, pois atendia apenas uma elite (5% dos jovens franceses). Os alunos saíam com uma impecável formação, geral e nas humanidades. Estavam prontos para aprender a profissão. Mas com o agigantamento e a banalização do ensino médio, a França gasta hoje três anos do superior em formação geral — de resto, é a mesma fórmula adotada em toda a Europa.

    Nossa escola básica, mambembe, fornece ao ensino superior alunos mal preparados. Não obstante, copiamos e insistimos na antiga fórmula francesa de oferecer um curso puramente profissional, como se a formação prévia fosse adequada, como era antes na França. E para que serve a nossa especialização profissional estreita? Como alhures, nem a metade dos graduados faz o que diz o diploma. Nas áreas sociais, nem um quarto. Na maioria dos casos, aprende-se na prática profissional. Porém, quanto mais sólida e ampla a educação prévia, mais eficaz o “aprenda fazendo”. Portanto, maior o desempenho e mais acelerado é o crescimento na carreira.

    Continua após a publicidade

    Ademais, as profissões que exigem a especialização extrema são repetitivas. São um convite à invasão das máquinas e da inteligência artificial. Nessas ocupações as máquinas estão à espreita. Por exemplo, radiologistas e escrevinhadores de petições legais já perdem para as soluções tecnológicas.

    Por que não reforçar a formação geral, inspirando-se no ensino superior dos países mais avançados? Será que as nossas doutas autoridades — em coro com os conselhos profissionais — não entenderam a burrice de andar ao arrepio da história?

    Publicado em VEJA de 9 de setembro de 2020, edição nº 2703

    Continua após a publicidade

    VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.