As últimas semanas foram agitadas na corrida ao Palácio do Planalto. Na dianteira da disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tirou sua pré-candidatura do armário, formalizou a aliança com Geraldo Alckmin, fez uma virada completa na sua estratégia de comunicação. Teve até casamento. Já o presidente Jair Bolsonaro fez uma sucessão de jogadas estratégicas para mobilizar sua base. Do indulto a Daniel Silveira (PTB-RJ) às ações contra Alexandre de Moraes, com direito a troca de ministro para se blindar da crise dos combustíveis.
Mas nem mesmo toda essa movimentação foi capaz de interferir no cenário da disputa. A mais recente pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta sexta-feira, confirmou o que já despontava em levantamentos anteriores: nada mudou. O ex-presidente Lula ficou com 44%, contra 32% do presidente Jair Bolsonaro. Ciro Gomes tem 8%, João Doria tem 4%, André Janones e Simone Tebet pontuam 2% cada um.
Interlocutores de Lula têm algum motivo para comemorar. Havia uma preocupação com a retomada progressiva que Bolsonaro vinha apresentando nas pesquisas, atribuída em grande parte a medidas como a concessão do Auxílio Brasil de R$ 400. O sinal amarelo se acendeu no PT, principalmente, por causa do constante estreitamento da distância entre os dois. Ou seja, notícia nenhuma nas pesquisas é notícia boa.
Entre bolsonaristas, o resultado das últimas pesquisas começa a derrubar o time presidencial do salto alto no qual parecia ter subido poucas semanas atrás. Assim que Bolsonaro voltou a crescer, aliados passaram a falar na expectativa de uma disparada de seu desempenho. E até começaram a alardear a tese de uma vitória no primeiro turno.
Um outro fator que contribui para esse congelamento do quadro eleitoral é a demora da terceira via em pôr ordem na casa. Enquanto persiste a briga entre João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB) para ver quem tem mais chances de disputar o Palácio do Planalto, Lula e Bolsonaro ganham a oportunidade de consolidar ainda mais suas posições.
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