Agora ambientado ao papel de senador, Sergio Moro já não discorre mais com tanta ênfase sobre temas relacionados à Operação Lava Jato. Na medida em que constrói um novo discurso no Congresso, o ex-juiz e ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro diz que prefere “olhar para o presente e o futuro”. Nos intervalos, entretanto, Moro tornou-se protagonista de sucessivos embates. O maior deles com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O atrito público com Lula esteve entre os assuntos da entrevista concedida pelo senador ao Amarelas On Air desta semana. A esta colunista, Moro reagiu com força às declarações recentes do presidente, dizendo suspeitar que ele estivesse por trás de uma “armação” ligada ao plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) assassiná-lo. O ex-juiz mencionou outras falas do presidente – como a de que a Ucrânia teria parte da responsabilidade pela guerra travada contra a Rússia – para sustentar a tese de que o governo petista opera com base na propagação de fake news.
“Cadê a decência presidencial em afirmar esse disparate, de que um senador seria responsável por essa ação, uma fantasia?”, afirmou Moro, comparando-se a Joseph Welch, defensor do Exército norte-americano nos 50, que protagonizou um embate com o então senador Joseph McCarty no qual lhe cobrou decência. O confronto dramático entre Welch e McCarty é tido como um dos acontecimentos históricos que marcaram a derrocada da caça aos comunistas liderada pelo senador.
Ao se queixar também das críticas do ministro da Secretaria de Comunicação do governo, Paulo Pimenta, à juíza Gabriela Hardt, responsável pelo caso, Moro acrescentou: “No fundo o que a gente vê, desculpe, é um governo que mente à população, que é um produtor de fake news – veja o exemplo do presidente da República falando que a Ucrânia é responsável pela guerra. Enfim, paradoxalmente, é o mesmo governo que quer regular as redes sociais”.
Moro também voltou a falar sobre a briga pública com o ministro do Supremo Tribunal Gilmar Mendes, cujo capítulo mais recente resultou numa denúncia da Procuradoria-Geral da República por calúnia. A ação toma por base um vídeo em que Moro brinca sobre “comprar um habeas corpus” do ministro. Ao rebater também a entrevista do ministro do STF ao Amarelas On Air, o senador engatou: “Eu não tenho nenhum interesse em ficar brigando com o Supremo ou com o ministro Gilmar Mendes. Infelizmente, ele veio aqui e fez essas ofensas gratuitas”, afirmou.
Na entrevista ao Amarelas On Air, Moro também falou sobre sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem se reaproximou durante a campanha presidencial. Embora reconheça ter apoiado a candidatura do ex-chefe à reeleição, Moro diz que não retirou as acusações que fez de que teria havido interferência na Polícia Federal.
Com apresentação desta colunista, o Amarelas On Air está em sua terceira temporada. Inspirado nas tradicionais Páginas Amarelas da edição impressa de VEJA, o programa recebe a cada semana um novo convidado diferente, sempre um nome relevante da cena política e econômica. O Amarelas On Air é parte da estratégia digital de VEJA, que contempla a expansão da área de vídeo e de projetos multimídia. A entrevista será transmitida simultaneamente no YouTube, Facebook e Twitter. Também ganhará versões para Instagram e LinkedIn.
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