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Se os mais ricos dependessem de ônibus e metrô, haveria greve?

Nas cidades onde o transporte público serve apenas aos mais pobres, as leis e punições para quem faz paralisações são menos duras

Por Mariana Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 18h46 - Publicado em 15 mar 2017, 14h38
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    Greve de transporte público em Dhaka, em Bangladesh (Banglar Chokh)

    Com greve de ônibus pela manhã e metrô paralisado, São Paulo bateu hoje o recorde de congestionamento do ano, deixando milhões de pessoas sem opção de deslocamento ou paradas no trânsito. Em qualquer grande cidade do mundo, greves de transporte nunca são fáceis de lidar. Mas poder evitá-las não depende apenas de uma boa negociação: depende também de quem usa esses serviços.

    Locais onde ônibus e metrô levam a bordo gente de todos os níveis econômicos são menos propensos a sofrer com as greves. Um bom é exemplo Nova York, onde a mais recente grande greve data de 2005, doze anos atrás. Em 2016, apesar de ter havido uma ameaça, a situação foi contornada sem causar maiores problemas aos usuários. Quando os mais ricos também dependem do transporte público, o resultado é a criação de leis e punições mais severas para quem organiza e participa de paralisações. Em Nova York, onde todos usam o sistema, as greves se tornaram eventos isolados a cada dez anos.

    Já nos locais onde apenas a população mais pobre depende do transporte público, as greves tendem a se tornar mais frequentes — e também mais longas. Em Dhaka, a maior cidade de Bangladesh, com 7 milhões de habitantes, a greve realizada no início deste mês chegou durou mais de 48 horas, para desespero da população. Em outubro, apenas cinco meses antes, os moradores já haviam enfrentado outra grande paralisação.

    Em vez de chamar um Uber, como em São Paulo, o jeito foi recorrer aos riquixás para conseguir chegar ao trabalho ou em casa, enquanto milhares de pessoas tiveram de seguir a pé.

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    Moradores de Dhaka se deslocam em riquixás (DzTraveler)
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