No início de junho, o fundo MadFish, do tenista Bruno Soares, atleta com três títulos Grand Slam no currículo, liderou um aporte de R$ 12 milhões na empresa Ease Labs, farmacêutica que produz medicamentos à base de cannabis. Soares afirmou na ocasião que produtos ricos em CDB foram fundamentais em sua carreira.
Por aqui, Soares é um dos esportistas pioneiros a investir no setor. Bob Burnquist, por exemplo, é outro que investiu na Farmaleaf, que oferece produtos à base de cannabis, em parceria com o chef Alex Atala. Mas lá fora a lista é grande. Mike Tyson tem uma fazenda de 170 hectares (ou 420 acres), a Tyson Ranch, misto de resort e plantação de cannabis. Os astros da NBA John Wall e Carmelo Anthony participaram em 2021 de uma rodada de US$ 5 milhões na californiana LEUNE, que oferece uma variedade de produtos. David Beckman tem uma participação na Cellular Goods, fabricante de cosméticos, Mario Götze e Andre Schürle investiram na startup alemã Sanity, que produz produtos farmacêuticos. E estes são apenas alguns exemplos.
Mas o que faz com que tantos atletas queiram investir em cannabis?
De um lado, há os benefícios medicinais associados a medicamentos produzidos com a erva. Existem relatos de esportistas que usam para tratar a depressão, dores após anos de abuso do corpo ou durante a recuperação de lesões. Aos poucos, a maconha vem deixando a lista de substâncias proibidas em competições. Em 2018, a Agência Mundial Antidoping (Wada) tirou o CDB da lista, e produtos com o ativo foram usados por participantes dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Outros compostos, no entanto, continuam banidos. Pesquisas já mostraram que o THC não afeta o rendimento, então especialistas acreditam que na próxima Olimpíada, em 2024, a Wada deve permitir seu uos pelos atletas.
Mas há ainda uma oportunidade importante de negócios. Mais estados norte-americanos estão legalizando o consumo, tanto medicinal quanto recreativo. A Europa, embora tenha uma legislação mais conservadora sobre o tema, também aponta para avanços inegáveis. Um exemplo é a Suíça, abordado aqui no blog. E até o Brasil caminha para uma regulamentação mais ampla. Um levantamento da consultoria Kaya Mind divulgado em dezembro do ano passado apontou que o segmento esportivo pode gerar negócios de mais de R$ 900 milhões de reais por ano para os medicamentos e derivados da cannabis.