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Brasil olê olê: o canto “oficial” da Copa nasceu nos jogos universitários

O Movimento Verde e Amarelo, que criou a música mais entoada nos estádios da Rússia, tomou para si a tarefa de educar a torcida brasileira

Por Alexandre Salvador Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jul 2018, 12h33 - Publicado em 30 jun 2018, 09h56
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  • “Éééé… Em cinco-oito foi Pelé; em meia-dois foi o Mané; em sete-zero, o Esquadrão; primeiro a ser tricampeão…” Pronto, os versos seguintes já estão na ponta da língua quase que por telepatia. A música criada pelo paulista Luiz Carvalho dos Santos Neto, administrador de empresas de 37 anos, tornou-se nesta Copa do Mundo a música mais popular em qualquer aglomeração de camisas do Brasil. Entitulada “Único Penta é o Brasilzão“, ela pode ser ouvida com frequência nos bares, praças e, claro, arquibancadas aqui da Rússia. Luiz é um dos líderes do chamado Movimento Verde e Amarelo, que tem coordenado as ações da torcida pela seleção em solo russo. Segundo o grupo, foi a solução encontrada para acabar com a falta de animação em jogos da equipe brasileira. “Era consenso nosso a avaliação de que torcida brasileira era horrível. Não era possível não termos outras músicas além do ‘Sou Brasileiro, com muito orgulho com muito amor’”, afirma Luiz, o porta-voz (quase sem voz, diga-se) do grupo.

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    O Movimento surgiu em tribunas bem menos importantes. “O Movimento é uma expansão da torcida que eu e meus amigos criamos nos tempos de faculdade”, afirma Luiz, egresso da Universidade de São Paulo e vascaíno doente. “Nós víamos nesses jogos universitários o quanto de energia a equipe em quadra ou em campo absorvia das arquibancadas. Torcida ganha jogo. Será que o 7 a 1 teria acontecido se tivéssemos uma torcida melhor?” Em 2008, inconformados com a falta de organização dos gritos dentro dos estádios em partidas do Brasil, o grupo de ex-estudantes decidiu levar os batuques dos jogos universitários para o Mundial seguinte, que seria realizado na África do Sul. “Para aquela Copa criamos outra música, que já está bem famosa, a dos mil gols do Pelé.” Se você, leitor, foi a algum jogo da seleção nos últimos anos certamente ouviu o hino que termina com uma provocação politicamente incorreta em relação ao ex-jogador argentino Diego Maradona. “A letra é de minha autoria, está até registrada na Biblioteca Nacional”, diz Luiz, que admite que não perdeu mais que um minuto para criar os seis versos de “Mil gols”.

    Movimento Verde e Amarelo
    O paulista Luiz Carvalho (ao centro, tocando bumbo) é um dos líderes da torcida organizada brasileira aqui na Rússia (Movimento Verde e Amarelo/Divulgação)

    Sem a adesão esperada na Copa disputada em casa – “Faltou organização, e a torcida que foi aos jogos não tinha o perfil de empurrar o time”, garante o Luiz –, o Movimento decidiu não poupar esforços para o Mundial da Rússia. Cerca de 20 membros, considerados da “diretoria” do grupo, pagaram a viagem até o país de Vladmir Putin do próprio bolso, sem ajuda de patrocinadores ou entidades ligadas ao futebol. Outros 50 agregados ajudaram a reforçar o coro. O esforço, garantem, é motivado apenas pela paixão pela seleção e pelo desejo de empurrar os comandados de Tite dentro do campo. “Nosso benchmark, por assim dizer, foi a torcida da Coreia do Sul, a Korean Red Devils, na Copa de 2002. Vai me dizer que a Coreia tem cultura de torcida de futebol? Mas todos no estádio sabiam as músicas, as coreografias. Sabiam a hora e o momento de apoiar o time. E, no meu entendimento, foi esse movimento que ajudou a seleção deles ir tão longe naquele Mundial.”

    A vontade de ajudar a seleção é tamanha que o Movimento passou a organizar outro tipo de ação: receber com festa a delegação brasileira na porta dos hotéis na cidade em que o Brasil tem passado. Após o empate contra a Suíça na partida de estreia, o moral dos atletas estava um tanto baixo. Quem acompanha o time diariamente disse que a recepção oferecida em São Petersburgo, antes do jogo contra a Costa Rica, serviu como uma injeção de ânimo para os jogadores. Muitos deles postaram vídeos e fotos da festa da torcida brasileira em suas redes sociais. “A ideia deu tão certo que a levaremos a diante. Neste sábado, estaremos em Samara recebendo a seleção.”

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    Outro ponto alto da festa brasileira na Rússia foi a festa dentro de uma das lindíssimas estações de metrô da capital Moscou. O coro que começa num tom abaixo, com todos os participantes agachados, explode no refrão de “Brasil, olê, olê, olê.” O vídeo se espalhou com tamanha rapidez que logo após a vitória sobre a Sérvia estava nos principais telejornais do Brasil e do mundo. Luiz explica como se deu a farra. “Aquela imagem é de antes do jogo começar. Fizemos uma concentração num bar e decidimos fazer a caminhada até o estádio. Como era muito distante, tivemos que pegar o metrô para chegar até lá. Foi só assim que se reuniram tantos brasileiros numa só estação.”

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    Quem estiver na Rússia em busca de um grupo de brasileiros animados, com instrumentos musicais dignos de uma escola de samba, basta procurar o Movimento Verde e Amarelo nas redes sociais e descobrir onde será a próxima festa. A empolgação é garantida.

    Conheça a íntegra da letra de “Único Penta é o Brasilzão”, de Luiz Carvalho:

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    Éééé… Em cinco-oito foi Pelé
    Em meia-dois foi o Mané
    Em sete-zero, o Esquadrão
    Primeiro a ser tricampeão!

    Ôôôô… noventa e quatro Romáriô
    Dois mil e dois Fenomenô
    Primeiro tetracampeão
    Único penta é Brasilzão!

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    Ôôôô… Brasil olê, olê, olê! (4x)

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