A decisão do presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, de não ser candidato ao governo da Bahia enfraqueceu o seu grupo político na Bahia. A oposição viu o número de cadeiras reduzir na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Além disso, o governador reeleito Rui Costa (PT) obteve uma vitória expressiva com 75% dos votos e ainda tem o apoio dos três senadores no Congresso Nacional.
Com a desistência da candidatura, ACM Neto indicou o ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (DEM), para ser o postulante ao Palácio de Ondina. “O governador tinha uma gestão bem avaliada, mas a oposição também não conseguiu construir uma candidatura competitiva e isso levou a este resultado esperado. Sem dúvida, ACM Neto seria uma candidato mais competitivo”, avaliou o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Fábio Dantas Neto.
Antes das eleições, os oposicionistas eram vinte no Legislativo baiano contra 43 governistas. No pleito, elegeram dezessete deputados. Já a base de Rui Costa conquistou 42 cadeiras. Quatro vagas serão ocupadas por partidos que não pertencem nem a um lado nem a outro. É o caso do PSOL e do Patriota (cada sigla terá uma cadeira) e do PSL, com dois assentos. A legenda do presidenciável Jair Bolsonaro faz oposição ao governador, mas não anunciou ainda se ficará como integrante do grupo de ACM Neto.
Logo após o resultado da eleição, o deputado estadual eleito e presidente do PHS na Bahia, Júnior Muniz, declarou, ainda, a saída da base do democrata a fim de migrar para o grupo de Rui Costa.
Na Câmara dos Deputados, o cenário também é complicado para ACM Neto. Em Brasília, a oposição tinha catorze parlamentares e agora caiu para dez, com derrotas de figurões como Antonio Imbassahy (PSDB), Benito Gama (PTB), Lúcio Vieira Lima (MDB) e José Carlos Aleluia (DEM), enquanto o governo subiu de 25 para 28 e uma vaga será ocupada pela Professora Dayane Pimentel (PSL), até o momento, do bloco independente.
Nesta segunda-feira (15), o governador afirmou que sua base pode ampliar, já que, segundo ele, três deputados federais podem aderir ao grupo petista. Na própria oposição, há quem admita, em conversas reservadas, que podem mudar de lado caso Fernando Haddad (PT) ganhe a Presidência da República.
Na semana passada, o ex-governador da Bahia e senador eleito Jaques Wagner (PT) chegou a cutucar ACM Neto, ao dizer que o prefeito decidiu apoiar Bolsonaro como “tábua de salvação”, já que “destruiu” a oposição ao demorar para decidir não ser candidato ao governo. Segundo os aliados do gestor soteropolitano, a liderança do democrata está em xeque, já que muitos perdem a confiança nele. Há tempos, ACM Neto é chamado pelos correligionários de ser simpatizante do “bloco do eu sozinho”.