Na tarde de 24 de março, a deputada estadual Cidinha Campos (PDT-RJ) subiu correndo a escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para chegar a tempo de, aproveitando um debate sobre a produção de leite, denunciar os adultos que “mamam”. Num veemente discurso de sete minutos, a parlamentar protestou contra a candidatura do colega José Nader Junior (PTB) a uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. Cidinha qualificou-o de corrupto e estendeu a acusação ao pai, também ex-deputado e ex-conselheiro do TCE.
Em 9 de abril, 16 dias depois do libelo de Cidinha, a Mesa Diretora considerou José Nader Junior inabilitado para concorrer à vaga de conselheiro do TCE. “Foi um discurso que teve resposta”, anima-se a deputada. O recurso apresentado por José Nader foi rejeitado pelo plenário.
O deputado Luiz Paulo (PSDB), corregedor da Alerj, recomendou a abertura de processo de cassação contra Nader. Na sexta-feira passada, o relatório da corregedoria foi apreciado pela Mesa Diretora da Assembleia. Compareceram apenas 8 dos 13 integrantes. Quatro votaram pela aceitação do processo, quatro votaram contra. O presidente Jorge Picciani (PMDB) desempatou a favor do parecer da corregedoria. Em 60 dias, o Conselho de Ética decidirá se o caso será ou não objeto de votação no plenário.
O futuro de Nader é incerto. O discurso de Cidinha Campos já se transformou numa peça histórica. Daqui a muitos anos, continuará ajudando a entender o Brasil da Era da Mediocridade.