Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Só cínicos sem cura enxergam apenas um ‘jovem’, ‘tatuador’ ou ‘manifestante’ no cúmplice do assassinato de Santiago

Ai da PM se os ferimentos que resultaram na morte de Santiago Andrade tivessem sido causados por uma bala de borracha ou uma bomba de gás lacrimogêneo. Antes que se identificasse o autor do disparo, todos os policiais militares, do comandante da corporação ao mais raso dos soldados, estariam alinhados no paredón da imprensa, diante […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h29 - Publicado em 10 fev 2014, 20h09
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ai da PM se os ferimentos que resultaram na morte de Santiago Andrade tivessem sido causados por uma bala de borracha ou uma bomba de gás lacrimogêneo. Antes que se identificasse o autor do disparo, todos os policiais militares, do comandante da corporação ao mais raso dos soldados, estariam alinhados no paredón da imprensa, diante do pelotão de fuzilamento formado por repórteres que dividem qualquer manifestação de protesto entre bandidos e mocinhos. Os bandidos usam fardas, botas e capacetes. Mocinhos são todos os outros, e como vítimas devem ser tratados.

    Mesmo quando matam um cinegrafista de 49 anos que cobria para a Band mais um conflito urbano no Rio, comprova o noticiário dos jornais do domingo sobre Fábio Raposo, que se apresentou à polícia para confessar que participara do que ainda era uma tentativa de homicídio. Nem precisava: as imagens no vídeo mostram Raposo entregando a um comparsa o rojão que logo explodiria na cabeça de Santiago Andrade. Ambos aparecem vestidos como black blocs. Ambos agiram como black blocs. Mas repórteres e redatores decidiram que o cúmplice confesso não deveria ser associado a essa tribo de selvagens sem causa, sem rosto e sem cérebro.

    Aos 23 anos, com um prontuário de desordeiro vocacional, Fábio Raposo não estuda nem trabalha. Como qualificá-lo com a brandura ? “Tatuador”, concordaram os dois maiores jornais paulistas, que se dispensaram de localizar um único e escasso cliente do artista. Antes que algum leitor perguntasse pelo inexistente local do emprego, a Folha acrescentou o adjetivo esperto: “Tatuador independente”. Toscas na forma, indigentes no conteúdo, as reportagens também escararam a anêmica criatividade dos escalados para esganar os fatos.

    No Estadão, por exemplo, foi indiciado não um black bloc, mas um “jovem” (ou um “rapaz”). Além de encampar essas idiotices que transformam faixa etária em profissão, a Folha também resolveu que black bloc é um meio de vida como outro qualquer e, por consequência, Raposo lida com atribuições próprias de quem exerce a atividade de “manifestante”. Faltou explicar se o manifestante profissional paga o aluguel do apartamento no Méier, onde mora sozinho, com o dinheiro das tatuagens ou com o que arrecada berrando palavras de ordem várias horas por dia.

    Consumada a tragédia, os torturadores da verdade terão de caprichar muito mais nas acrobacias vocabulares forjadas para absolver Raposo. A morte de Santiago transformou o black bloc escondido em substantivos malandros num caso de polícia.  . Quem continuar enxergando apenas um “jovem”, “tatuador” ou “militante” no cúmplice confesso de um homicídio merece cadeia por excesso de cinismo.

    [youtube https://www.youtube.com/watch?v=Za1tN5_3Kho&w=420&h=315%5D

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.