A fila de responsáveis pelo múltiplo homicídio, culposo ou doloso, seguido de destruição ambiental é tão extensa quanto a lista dos fregueses do Departamento de Propinas da Odebrecht. O desfile dos delinquentes de Brumadinho merece ser puxado pelo ex-governador Fernando Pimentel, cujo descaso pela vida dos mineiros foi escancarado pela reprise da erupção de horror em Mariana, e pelo presidente da Vale, Fabio Schvartsman. O comandante da empresa reincidente jura que não tem palavras para descrever o sofrimento que lhe causou o rompimento de outra barragem. O que anda fazendo a turma que preside cabe em 18 letras: canalhice assassina.
A multidão de protagonistas e coadjuvantes agrupa corruptos acampados na Agência Nacional de Águas e na Agência Nacional de Mineração, comparsas infiltrados no Ministério de Minas e Energia, campeões da vadiagem que infestam os órgãos encarregados de zelar pelo segurança das barragens, engenheiros vigaristas, fiscais bandidos a serviço de mineradoras, parlamentares que impedem o endurecimento da legislação, ineptos fantasiados de promotores de Justiça e magistrados que, por safadeza ou estupidez, poupam de punições os delinquentes que produzem tsunamis de rejeitos. Fora o resto.
A contemplação do passado informa que o Brasil se habituou a só colocar fechadura em porta arrombada. Para que essa deformação repulsiva deixe de obstruir o caminho que encurta a chegada ao futuro civilizado, é preciso transformar em marco zero o drama que assombrou novamente o mundo. Os autores da tragédia de Brumadinho são casos de polícia. Têm de aprender que já não existem condenados à perpétua impunidade. A direção da empresa merece exemplares castigos financeiros. Todos os envolvidos no crime merecem cadeia.