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O mais bisonho governo da história merece um Ministério das Respostas Imbecis

ATUALIZADO ÀS 11H28 Inventado pelo grande Millôr Fernandes, o Ministério das Perguntas Cretinas transformou-se numa evidência luminosa de que existe vida inteligente no Brasil. Três exemplos pescados no oceano de interrogações geniais: “Marmelada falsificada é marmelada?”; “Um desmaio pode acontecer em junho?”; “Quando o Disney faz um desenho ruim é um desenho desanimado?” Qualquer entrevista […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h01 - Publicado em 9 nov 2013, 11h28
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  • ATUALIZADO ÀS 11H28

    (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

    (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

    Inventado pelo grande Millôr Fernandes, o Ministério das Perguntas Cretinas transformou-se numa evidência luminosa de que existe vida inteligente no Brasil. Três exemplos pescados no oceano de interrogações geniais: “Marmelada falsificada é marmelada?”; “Um desmaio pode acontecer em junho?”; “Quando o Disney faz um desenho ruim é um desenho desanimado?”

    Qualquer entrevista concedida por um dos 39 integrantes do mais populoso e bisonho primeiro escalão da história reitera que não existe vida inteligente no governo Dilma Rousseff. Que tal aumentar a multidão para 40 e criar o Ministério das Respostas Imbecis, encarregado de selecionar e divulgar mensalmente os melhores-piores momentos da turma escalada por Dilma para servir à nação?

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    A coletânea de novembro, por exemplo, seria enriquecida pela resposta recitada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, diante do grupo de jornalistas à caça de explicações convincentes para a maluquice divulgada pelo Globo: por que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) andou investigando em 2003 e 2004, os dois primeiros anos do governo Lula, diplomatas do Irã, do Iraque e da Rússia, além de salas vazias alugadas pela embaixada americana em Brasília?

    Resposta de Cardozo: “Quando você acha que existem espiões de potências estrangeiras atuando no Brasil você faz o quê? Deixa espionarem? Não, você faz a contra-espionagem”.

    Em 2003 e 2004, só sherloques de chanchada podem ter enxergado em Brasília espiões russos (que seguiam em ação fora do país apenas nos filmes de James Bond), iraquianos (todos empenhados em sobreviver aos ataques aéreos americanos) e iranianos (que preferiam vigiar Israel em vez de perder tempo procurando informações que o amigo Lula não se recusaria a fornecer pesssoalmente). Até um José Eduardo Cardoso sabe disso.

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    Deve-se deduzir, portanto, que o ministro da Justiça, ao recitar a explicação, pensava nos Estados Unidos ─ mais precisamente, nas bisbilhotices aqui promovidas pela NSA dos ianques. Ocorre que o governo brasileiro só soube delas neste ano. Se a espionagem seria descoberta em 2013, como qualificar de “contra-espionagem” o que houve em 2003 e 2004? Ou a Abin dispõe de um Departamento de Videntes ou Cardozo derrapou no besteirol.

    Admita-se que George W. Bush, eleito em 2000, tenha resolvido espionar a potência emergente sul-americano. Nessa hipótese, o maior dos governantes desde Tomé de Souza dispensaria os serviços da Abin para enquadrar o inimigo. Lula jura que, sempre que acordava invocado, ligava para a Casa Branca e passava uma descompostura no colega. Bastaria um telefonema, portanto, para que o imperialismo ianque nunca mais tentasse desvendar os segredos do Brasil Maravilha.

    Tudo somado, como entender a história da contra-espionagem? Se reincidir em explicações, Cardozo só conseguirá abreviar o nascimento do Ministério das Respostas Imbecis.

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