O presidente Hugo Chávez reuniu-se com Diego Maradona antes de comunicar ao mundo que decidiu romper relações diplomáticas com o governo da Colômbia. O vídeo que documenta a performance da dupla comprova que o craque aposentado e o ditador aprendiz nasceram um para o outro. Contemple a expressão solene, o olhar aprovador e os sorrisos cúmplices do técnico da seleção argentina. Ouça o palavrório de Bolívar de hospício despejado pelo chefe da revolução bolivariana. Ambos estão em guerra contra a Colômbia, o imperialismo americano e a sensatez. E estão convencidos de que o ataque é a melhor defesa.
Se tivessem algum juízo, Hugo Chávez e Maradona saberiam que essa tática só deve ser adotada depois de uma cuidadosa comparação do próprio poder de fogo com o exibido pelas forças inimigas. Por não ter feito isso antes do jogo contra a Alemanha, por exemplo, Maradona foi desclassificado da Copa da África do Sul e voltou para casa com uma goleada nas costas. Por não ter feito isso antes da decisão anunciada nesta quinta-feira, Chávez fez um gol contra no primeiro minuto do jogo.
O pretexto para a ruptura foi a descoberta das bases narcoguerrilheiras instaladas pelas Farc em território venezuelano, com a bênção e o patrocínio do amigo Chávez. Para que a denúncia sobre a movimentação das tropas clandestinas não parecesse leviana, o presidente Alvaro Uribe solicitou à Organização dos Estados Americanos que cuidasse de investigá-la formalmente. Antes que a OEA se manifestasse, Chávez e Maradona atacaram.
A discurseira do acusado tornou dispensáveis apurações adicionais. É claro que as sucursais venezuelanas das Farc existem. Chávez já está perdendo. A goleada só começou.