O caminho das letras uniu Paulo Boccato e Vera Regina Casari
Paulo Boccato é meu amigo há muito tempo. Foi ele o primeiro a saudar minha chegada ao site, e desde o nascimento da coluna é titular absoluto do timaço de comentaristas. Valente, bom de briga, franco e leal, sempre diz o que pensa sem rodeios nem eufemismos. O combate que trava é ininterrupto. Quando se […]
Paulo Boccato é meu amigo há muito tempo. Foi ele o primeiro a saudar minha chegada ao site, e desde o nascimento da coluna é titular absoluto do timaço de comentaristas. Valente, bom de briga, franco e leal, sempre diz o que pensa sem rodeios nem eufemismos. O combate que trava é ininterrupto. Quando se afasta deste espaço, sei que está lutando com palavras em outras frentes e sinto que continua por perto. Ambos sabemos que nossa parceria é indissolúvel. Além dos vínculos políticos e ideológicos, há os sólidos laços afetivos que a cidade onde nasci ajudou a consolidar.
Esses laços se estreitaram mais ainda nesta segunda-feira, depois de ler na Folha o texto de Andressa Taffarel sobre a morte da mulher de Paulo, que transcrevo abaixo. “Conheceu o marido no chão da biblioteca”, informa o título da nota que resume a bela história de Vera Regina Casari Boccato (1958-2013). Eu não sabia que foi o caminho das letras que uniu o casal. E só soube agora que Vera vai descansar em Taquaritinga. (AN)
Certo dia, no final dos anos 1980, Paulo Boccato decidiu folhear um livro sentado no chão da biblioteca da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, mas Vera Regina, a bibliotecária, não gostou nem um pouco daquela cena.
Ela então pediu ao visitante que fosse até uma mesa. A resposta de Paulo, porém, foi um tanto inusitada: “Só sento lá se você almoçar comigo”.
O convite aceito por Vera foi o início de um casamento que durou 25 anos. Ao lado dos livros, Paulo era a grande paixão da paulistana.
Extremamente organizada, característica indispensável em sua profissão, exigia disciplina dos estudantes, que “a amavam ou a odiavam”, segundo conta o marido.
Dedicava-se também à pesquisa científica. Criou o PET (Programa de Educação Tutorial) do curso de biblioteconomia e ciência da informação da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos, em SP) e publicou vários livros e artigos sobre temas da área.
A fazenda da família, em Taquaritinga, no interior paulista, era seu refúgio desde a infância. Não podia ver um animal abandonado que queria levá-lo embora. Três gatos e três cachorros, todos vira-latas, conseguiram um lugarzinho na casa de Vera.
Há dois meses, aposentou-se como professora da UFSCar. Recebeu diversos convites para lecionar em outras instituições, mas não teve tempo de aceitar. Curada de um câncer, descobriu uma leucemia em novembro.
Morreu na quarta-feira (11), aos 55 anos. Além de Paulo, deixa a mãe, Olga, e a irmã, Vilma. A missa do sétimo dia será no sábado, às 19h, na Igreja Matriz de Taquaritinga.