Japonês da Federal: O Palocci ainda é a maior caixa-preta do Brasil
No programa Perguntar não Ofende, Luís Humberto Carrijo e Newton Ishii revelam detalhes do livro 'O Carcereiro' e dos bastidores da Operação Lava Jato
Na Polícia Federal desde 1976, Newton Hidenori Ishii só ficou conhecido nacionalmente mais de 40 anos depois — ao tornar-se uma das personificações da Operação Lava Jato. Não demorou muito para que os brasileiros apelidassem de “Japonês da Federal” aquele nissei que aparecia ao lado dos políticos e empresários surpreendidos pelas batidas na porta de casa às 6h da manhã.
Chefe da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Ishii conheceu de perto personagens como Eduardo Cunha, Antonio Palocci, José Dirceu ou Léo Pinheiro. Agora, sua história e impressões sobre a Lava Jato e seus protagonistas, dentro e fora das celas, estão contadas em ‘O Carcereiro’, livro escrito pelo jornalista Luís Humberto Carrijo, lançado pela Rocco no começo do mês.
Juntos pela primeira vez numa entrevista, Ishii e Carrijo revelam detalhes sobre o comportamento das celebridades encarceradas. “Embora Eduardo Cunha saiba muito, a maior caixa-preta que ainda pode ser aberta continua sendo o Palocci”, disse Ishii num intervalo da conversa ao programa Perguntar Não Ofende, da rádio jovem Pan.
Mesmo tendo convivido com o que há de pior na política, o Japonês da Federal filiou-se ao Patriotas ao se aposentar da PF em fevereiro deste ano. “Não sei se algum dia vou me candidatar a um cargo público, mas decidi me filiar e sou o presidente do partido no Paraná, porque acredito que assim posso continuar fazendo algo bom para o país”, argumentou Ishii. “A Lava Jato mostrou que as coisas podem mudar e eu acredito que o Brasil tem jeito”.
A timidez de Ishii diante das câmeras contrasta com a eloquência de Carrijo. “Nós nos conhecemos quando mediei as negociações de uma entrevista dele para o correspondente Jonathan Watts, do The Guardian”, lembrou o jornalista. “Durante essa reportagem, percebi a quantidade de informações preciosas que ele guardava”. Boa parte delas está no livro. E nesta entrevista: