CELSO ARNALDO ARAÚJO
Os patéticos corruptos de Lula/Dilma são tão bandidos que seus “malfeitos” corrompem até velhas e consagradas piadas. Aquela que contrapunha a absurda existência de um Ministério da Marinha na Bolívia, país sem litoral, à de um Ministério da Justiça no Brasil, durante a ditadura militar, acaba de perder a graça. Pois o ex-jornaleiro maragato que vive suas últimas horas como ministro de Estado teve a ousadia de surrupiar à Bolívia a glória sem precedentes de sua Marinha sem mar.
Como revela a Folha de hoje, tem a assinatura de Carlos Lupi, após o protocolar, e nesse caso cínico, “certifico e dou fé”, documento do Ministério do Trabalho e Emprego concedendo registro ao Sindicato das Indústrias da Construção e Reparação Naval do estado do Amapá. Sim, o mesmo Amapá, transformado por Sarney em apêndice do Maranhão.
Quanto vale um sindicato registrado na república sindicalista instituída por Lula, na qual não existe um único sindicalista desempregado? Alguns milhões, por mais insignificante que seja a representação sindical ─ é dinheiro sugado de contribuição tungada mensalmente das empresas e, uma vez por ano, de todos os trabalhadores deste país, e que tem feito a fortuna de dirigentes de entidades como a Força Sindical. Em Florianópolis, por exemplo, existe um certo Sindicato de Trabalhadores nas…Entidades Sindicais de Florianópolis. Ou seja: um sindicato de sindicalistas. Sim, quem tem um sindicato tem a força. Paulinho, amigão e defensor de Lupi, tem a força da força.
Voltemos à indústria naval do Amapá. O estado de estimação de Sarney e do miniministro Pedro Novais – que ali instalou centenas de cursos-fantasma de capacitação de serviços turísticos antes que a CVC tivesse montado seu primeiro pacote para Macapá ─ tem litoral, ao contrário da Bolívia. São 700 quilômetros de costa – e apenas três praias. Mas nunca fez um navio. Uma lancha, um barco que seja. Um caiaque. Uma piroga. O estado não tem estaleiros, não tem indústria de construção nem, evidentemente, de reparação naval. Mas tem um sindicato para representar os trabalhadores do setor.
Repare no nome: Sindicato das Indústrias da Construção… Indústrias: mais de uma. Faz sentido? Para Carlos Lupi fez todo o $entido do mundo. Tanto que certificou e deu fé. Sua boa fé. Graças ao bom ministro Lupi, o trabalhista e empreguista juramentado Lupi, o SICRN – o acróstico é por minha conta, porque o sindicato nem site tem, quanto mais sigla e sede ─ credenciou-se a receber seu quinhão no butim sindical.
As provas da ladroagem encheriam um Titanic, antes do naufrágio: tudo é fantasma nesse sindicato, da ata à pata que a assina. Seu “presidente” não é um capitão de navio, mas o motorista de uma cooperativa de veículos controlada por um aliado do deputado pedetista Bala Rocha. Bala? José Simão, onde está você? Ah! Lupi coonestou também outros sindicatos amapaenses que só existem no papel e no extrato bancário onde cai o repasse da contribuição sindical ─ como o de indústrias e papel de celulose. O Amapá não produz sequer guardanapos ─ embora oferecesse cursos de capacitação para ensinar a dobrá-los.
Confrontado com mais uma prova cabal de sua acachapante desonestidade, o ministro Lupi saiu-se com uma nota oficial que encavala argumentos que nem Nem seria capaz de utilizar, quando pego em flagrante. Entre eles: “a organização sindical é livre” e “não cabe ao ministro apurar se os integrantes da entidade possuem indústria no ramo ao qual pretendem representar”. Não? A quem cabe, então? Se fosse um homem decente, precisaria fazer algum esforço mental para desconfiar da poderosa “indústria naval” do Amapá e, por conseguinte, glosar a formação de um sindicato que represente seus inexistentes trabalhadores?
Lupi está em estado de putrefação, mas ainda agarrado à tábua dos náufragos. Se não cair hoje, em homenagem ao Dia da República, a presidente Dilma será conivente.
E, nesse caso, deverá mandar hastear a meio pau a bandeira brasileira no mastro do Palácio do Planalto.